O ESPECTADOR

Amor e virtude é assunto básico em qualquer cultura.

Indaga-se daqui e dali o que é, como "deve"ser, como o outro "tem" que fazer, manipulando o sentimento desse outro. Isto é uma invasão criminosa!

A mente e os sentimentos são sementes de uma ação. Como as sementes de um fruto. Enquanto se assiste o outro trafegar por linhas de seus sentimentos e fica-se na platéia como espectador de um "show", ora julgando, ora batendo palmas, ora ovacionando, não que dizer que está promovendo uma ação. Está indo na reação, somente.

É muito fácil apontar o dedo ao outro, apontar os defeitos e condutas do outro.

Uma coisa eu li e achei verdadeira: Somente se nota no outro o que tem em si. Se és maldoso, conseguirá apenas maldades. Só conseguimos ver no outro algo que já tivemos ou temos dentro de nós mesmos. E sendo maldoso ou foi maldoso e ainda apontar os dos outros é extremamente salutar pra si próprio. Mostrar que se é correto, como se fosse uma forma de te aliviar de tuas próprias maldades, tuas próprias condutas.

É como um companheiro ver a sua casa ser invadida por uma outra pessoa e esta transar com seu/sua companheiro(a) e ficar apontando o certo e o errado enquanto somente espectador de uma cena.

A mulher ao ficar grávida (todas o fazem assim) circula suas mãos pelo ventre, como que acariciando desde já seu bebê. Ela nunca "aponta" para ele ou para sua barriga. Porque seria isso?

Uma forma de dizer que eu sou a ação e você é minha reação.

Agora, quando na vida diária se aponta costumeiramente o dedo para o outro é uma forma de mostrar somente sua reação. E sua ação?

A ação deu-se em seu pensamento em sua ação.

Reveja o que pensou, o que sentiu e notará a ação que promoveu para que o outro tenha uma reação. Que a princípio poder-se-ia dizer que foi uma ação. Olhando somente pelo prisma do "espectador".

O espectador não se cansa de apontar. Ele passará a vida toda apontando coisas aqui e ali. Sem vida, vivendo na história passada do outro. Pois a reação promovida já se tornou passado.

Seria bom não deixar a ação perniciosa de sentimentos ocorrerem em vez de apontar somente a reação que adveio, até por falta de uma ação tua. E eu digo como Raul Seixas diz em sua música: "Metamorfose Ambulante" "... eu quero ser essa metamorfose ambulante do que viver essa ...."

Então... serei eu a promover a minha ação e não reagir a ações de outros que nunca, digo, nunca poderão apontar meus erros ou acertos, somente, com seus dedos sujos.

Eu viverei do meu jeito, solucionando os ajustes que serão melhores para mim e pessoas ao meu redor.

Se quiser me acompanhar nessa estrada bela que quero e irei fazer para mim - venha! Dê-me tua mão!

Se ainda permaneceres apontando o seu dedo ao outro e nunca para seu próprio peito, então, caminhe só!

A sua estrada (maldade) eu conheço bem! Eu já passei por ela e pretendo não voltar por esse caminho.

Quero a estrada do belo, de flores plantadas, de aves buscando seus alimentos, de voos de pássaros e borboletas, dos aromas de mato e chuva, do entardecer e anoitecer...

(Negra Noite-22/12/2012- 13:34h)

Milena Medeiros
Enviado por Milena Medeiros em 22/12/2012
Reeditado em 22/12/2012
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