Em busca do prazer



Prometi postar durante o mês de março assuntos que inquietam a alma feminina ou, de uma certa forma, que se referem ao corpo da mulher,sem fazer a dicotomia: corpo físico e espírito.Não dá para separar uma coisa da outra.Mesmo os mais céticos, pelo menos de vez em quando, recorrem ao extrassensorial, a alguma força que está além do nosso alcance, ou que não pode ser mensurado, apenas sentido, ou intuído, ou ... seja lá o que for.

Mas o que quero mesmo abordar é a questão do prazer, mais especificamente o prazer feminino.Como vivemos uma época de liberação quase que total de costumes, acho que posso me arriscar nessa seara.

Sempre que um grupo de mulheres se encontra, o assunto que domina as conversas é HOMEM.E, mesmo quando a mulherada começa a falar de forma geral de outros temas como casamento,filhos,casa,novelas,filmes,política, não necessariamente nessa ordem, o papo termina em SEXO e, consequentemente os homens entram na jogada.
Se a cerveja rola solta, aí a conversa vai ficando mais descontraída, as pessoas vão se esquecendo um pouco do censor que existe em cada uma e que está sempre de plantão quando o tema resvala para a intimidade.E de uma forma ou de outra até as mais recatadas acabam entrando no assunto ligado à vida afetiva delas.

E aí não tem jeito.São muitas as reclamações.É raro ver uma mulher falar com brilho nos olhos do seu companheiro.Seja ele namorado,namorido,marido ou qualquer outra coisa. A gente percebe que cada uma tem algo a reclamar.Algumas suspiram , lembrando uma cena de novela cujo casal apaixonado viveu uma entrega linda e apaixonada.Outras voltam ao passado e dão início à sessão nostalgia.Começam a lembrar de amores antigos, de casos vividos pela metade, de ternuras que se tornaram indeléveis uma vez que ficaram resguardadas do tempo e só ficaram no cantinho das lembranças delicadas.

Mas voltando à insatisfação feminina, a maioria tem a mesma queixa.Acham seus parceiros secos, duros, pouco afetivos.Muitas acham que vale mais a pena encontrar com as amigas do que sair com o companheiro .Algumas, depois do quinto copo de cerveja, ficam mais à vontade e abrem o jogo: Faz mais de um mês que não rola nada lá em casa.Mas sabe que não sinto falta? Outras dizem que adorariam transar todos os dias, mas o marido vive cansado ou então faz tudo rapidinho sem se preocupar com ela.

É impressionante perceber o grau de insatisfação das mulheres quando o assunto é prazer sexual.Aí, se uma bem resolvida nesse quesito ( graças a Deus que elas existem!) toma a palavra e faz seu depoimento, a cena se torna até hilária.Todas se voltam para a mulher feliz, aquela que fala do que vive na cama, dos seus casos, do seu (ou seus, sem moralismo,por favor) homem. As que se dizem insatisfeitas querem a receita,querem dicas, querem entender o que a mulher precisa fazer para se dar bem na cama.

E eu pergunto: Existe receita?

Para mim ,o que anda acontecendo, só nos faz enquanto mulheres donas de sua libido e do seu prazer, pessoas cada vez mais frustradas e amarguradas.Não é possível seguir a ditadura do prazer. Não é possível acreditar que só um Christian Grey pode nos fazer felizes ( ainda vou me atrever a escrever sobre o “Cinqüenta tons”).Se a gente se reduz tão-somente a um objeto, fica tudo muito difícil.Mas, se ao contrário disso, a gente se tornar sujeito de nossa vida afetiva, fazendo acontecer como a gente quer, quem sabe o homem que temos ao lado não nos vai parecer mais interessante e ele também não vai achar a sua mulher bem mais sedutora?


Creio que muitos descompassos andam acontecendo.Principalmente no que tange ao desconhecimento que temos de nós mesmas.Sem o auto-conhecimento, sem tentar aprender a linguagem do afeto e a prática da sensualidade gostosa e saudável, tudo se torna mais difícil, se não impossível.

É preciso buscar novos conhecimentos sempre,sem contudo nos aprisioanarmos às teorias.Os best-sellers estão aí vendendo horrores.Para ter uma prática afetivo- sexual de qualidade, que nos proporcione prazer e brilho nos olhos, não é preciso perder noite de sono em busca do ponto G, nem sonhar com o quarto vermelho ou com outras peripécias sexuais da trilogia do momento ( de E L James) ou de filmes eróticos.Basta a gente se reconhecer como mulher e buscar um homem que nos enxergue como tal.

Mas, se quem estiver ao nosso lado insistir em não valorizar o que somos e o que queremos, se não for capaz de entender que o prazer da mulher não ressurge das cinzas ( e creio que o dele também não) e que é preciso ternura, carinho, cuidado e amor para despertar o tesão,aí.............

 
amarilia
Enviado por amarilia em 04/03/2013
Reeditado em 08/03/2013
Código do texto: T4171292
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