Lek Lek Lek

Qual é o preço da fama? Já ouvimos esse questionamento milhares de vezes, principalmente em entrevistas feitas com famosos em programas televisivos. Mas mesmo isso já sendo tão comentado por todos os lados, resolvi lhes perguntar: qual o preço da fama, o que faria para ser famoso?

Essa semana tive o desprazer de presenciar uma cena nada agradável dentro de uma sala de aula do ensino superior, repetindo e enfatizando: “ensino superior”. Um professor apresentou aos seus acadêmicos um vídeo com uma ‘música’ – conhecidíssima pelos internautas – chamada “Passinho do Volante” – ela se consiste em “lek lek lek lek” praticamente todos os minutos cantados –. Primeira condição: Isso é música? Segunda: O que alguém de tal nível intelectual quer ensinar aos seus alunos com algo de tão baixo calão? Dizer que existe cultura naquilo, que foi criativo? Não! É inadmissível pensar que esses acadêmicos estariam perdendo seu tempo sentados a uma cadeira de faculdade, enquanto poderiam estar em suas casas, ouvindo esse tipo de som e tendo que prestar atenção por ‘afirmarem’ que é algo “cultural”. Pelo amor de Deus!

Agora começamos a pensar sobre vídeos, fotos e acontecimentos que acabam tornando o outro famoso. Atualmente se você tem um celular com câmera ou qualquer outro tipo de mídia que te disponibilize a criação de filmagens é o que basta para conseguir a fama. Não precisa ser criativo, muito menos ter conhecimento, basta ser cara de pau, querer chamar atenção e ser ignorante. Apenas esses três critérios já fazem de você alguém perfeito parar se tornar famoso. Quer entrar para o time?

Será que estamos realmente dando valor aquilo que vale a pena? Não estaríamos sendo muito indispliscentes agindo de tal modo? Toda vez em que surge um vídeo na internet com “idiotices”, em menos de 24 horas “brotam” milhares de acessos. Tanta coisa interessante pra fazer e perder seu tempo vendo algo como: Lek Lek Lek... Isso é incompreensível – não generalizando –. Existem outras “músicas” e outras “apresentações” que, assim como esse, fazem sucesso na rede e que, também, nos deixam transtornados. O pior de tudo é ver crianças, jovens e adultos reproduzindo essas “coisas”. Quem faz isso além de não ter criatividade de criar algo interessante, ainda tem o mau gosto para copiar. Esses meninos, como tantos outros por aí conseguiram a fama através da burrice alheia.

Enfim, se formos comparar o número de pessoas que concordará com esse artigo com os que não concordarão será decepcionante, mas infelizmente complacente, já que estamos numa geração em que pensar é “fútil” demais, ter bom gosto é ser careta e se expressar é estar sendo arrogante. Estamos na era em que o respeito pelo que o outro gosta é babaquice, já que o que importa é olhar para o próprio nariz e andar na moda.

Artigo originalmente publicado no jornal impresso e online Folha Extra - Wenceslau Braz/PR