7 de abril - Dia do Jornalista

7 de abril, festejamos o “Dia do Jornalista”. Temos muito a celebrar neste dia, já se vão quase 3 anos da histórica decisão do Supremo Tribunal Federal - STF, que permitiu a neutralização do filhote da famigerada ditadura militar -a tutela do Estado em uma profissão-. Invoco aqui o instituto da obrigatoriedade da exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista. Passados estes ano nada mudou e tudo mudou... Explico: Nada mudou, pois as empresas continuam a contratar jornalistas com diploma, porem também sem o diploma, sempre a critério do contratante, o que é absolutamente correto, quem contrata e que deve estabelecer suas necessidades e exigência, o mercado de trabalho continua evoluindo da mesma forma e a decisão do STF não foi o desastre anunciado pelos sindicatos.

Tudo mudou. Qualquer pessoa mesmo sem diploma consegue hoje atuar na área sem nenhum problema, independente de diploma ou registro no Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, com isso cada vez mais está crescendo e se consolidando uma nova geração de jornalistas realmente independentes, que atuam das mais variadas formas, desde pequenos jornais no interior até mais massivamente em sites e microsites.

Pois bem, caros colegas jornalistas, com pequenas e poucas alterações, transcreveremos na integra, nosso artigo/opinião intitulado “Dia do Jornalista, a herança de Líbero Badaró”, publicado no Jornal da Cidade, em 14 de abril de 2011, na cidade de Aracaju, Estado de Sergipe. A saber: O jornalismo se faz por amor e com responsabilidade. Jornalista é a pessoa ou profissional que exerce atividade jornalística como redator, repórter, fotógrafo, editor, apresentador entre outras. O jornalista deve ser eclético, visto que a profissão exige isso do profissional. Ele tem que ser clínico geral, já que a área do jornalismo é vasta. O dia do jornalista já foi comemorado em várias datas. No dia 24 de janeiro por ocasião da data do padroeiro da profissão, São Francisco de Sales (bispo e doutor da Igreja Católica) para homenagear os profissionais do jornalismo. O dia 29 de janeiro tem uma particularidade e faz parte da história do Brasil, a data, de longe, mais citada nos calendários comemorativos brasileiros, mas ao mesmo tempo, a que menos tem referências à sua criação. As informações vão desde uma homenagem ao jornalista e abolicionista José do Patrocínio falecido em 1905, até se tornando uma data eminentemente católica. No dia 16 de abril se comemora o dia do repórter como na definição acima, trata-se de um profissional do jornalismo, por tabela poderíamos afirmar ser dia do jornalista também.

Hoje, sete de abril, ao celebramos o Dia do Jornalista, fazemos referência à data da abdicação do trono por dom Pedro I, após um grande desgaste político que teve como elemento de combustão o assassinato de João Batista Líbero Badaró, redator do "Observador Constitucional" em 22 de novembro de 1.830. Crime de mando atribuído diretamente ao juiz corregedor Cândido Ladislau Japiaussu, mas, segundo alguns órgãos da imprensa liberal oposicionista, por encomenda do Palácio. Para resumir a história: o crime chocou a opinião pública, mobilizou a imprensa de todo o país, as autoridades deram fuga ao corregedor para evitar o linchamento (mais tarde absolvido por falta de provas, num júri suspeito). E o Imperador que já sofria um processo de desgaste junto ao ministério teve de abdicar do trono em 07 de abril de 1.831, em favor de seu filho.

Há nuances que me chamam a atenção nesta história. Primeiro a instituição da data, por iniciativa da Associação Brasileira de Imprensa - ABI, no contexto de uma ditadura. O Dia do Jornalista foi instituído em 07 de abril de 1931, ou seja, nos primórdios da revolução quando o Governo Vargas, exercia forte repressão contra a imprensa, delegando autonomia a autoridades policiais para avaliar o conteúdo da mídia. Política de delegacia de esquina que prevaleceu até a consolidação do Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP e a montagem de uma rede de censores, nos moldes do fascismo italiano, que o inspirou. Por que Getúlio concordou em instituir uma data que lembra justamente a repressão do Estado contra a imprensa?

Libero Badaró foi morto por que seu proselitismo em favor da liberdade de expressão incomodava o regime. Há uma contradição nessa iniciativa da ABI, encampada pela ditadura.

Também chama a atenção as circunstâncias do assassinato de João Batista Líbero Badaró. Foi morto a mando da autoridade que representava o braço do judiciário. Morte anunciada. Líbero Badaró tinha publicado no seu jornal o "recado" de amigos sobre as intenções do corregedor. Mas nada disso intimidou a autoridade que fez valer os seus maus bofes, contratando sicários estrangeiros para executar a tarefa. Apostou na impunidade, na retaguarda palaciana, ao mesmo tempo minimizando o poder de mobilização da opinião pública pela imprensa. A morte do jornalista provocou uma corrente de indignação (o regime tinha ido longe demais) repercutida não apenas pela mídia de oposição (Observador Constitucional em São Paulo, Aurora Fluminense no Rio de Janeiro, Universal em Minas Gerais e O Bahiano de Antônio Rebouças na Bahia), mas por toda a imprensa. Dom Pedro I amargou vaias e protestos nas suas aparições públicas.

Nuances aparte, vale lembrar as palavras de João Batista Líbero Badaró sobre a liberdade de imprensa, "Incapazes de resistir à evidência dos argumentos positivos sobre que se apoia a necessidade de imprensa, os amigos das trevas se vestem da capa da moral e do sossego público, apontam os abusos desta liberdade, a calúnia, a difamação, as provocações diárias, os achincalhes continuados, que tornam a vida um suplício. E, meu Deus! Os abusos? E do que se não abusa neste mundo? Forte raciocínio! E porque se abusa de qualquer coisa, já, já se suprima? E aonde iríamos com estas supressões?".

"Um mau juiz abusa do seu ministério: suprima-se a magistratura; um mau sacerdote abusa da religião: suprima-se a religião; um mau marido abusa do matrimônio: suprima-se o matrimônio. Forte raciocínio, dizemos outra vez! Suprimam-se os abusos que será melhor. A lei contra os abusos existe; sirvam-se dela; e se não é boa, faça-se outra; e liberdade a todos de esclarecerem os legisladores, pela imprensa livre".

As primeiras Gazetas foram impulsionadas, um Século após a invenção dos tipos de impressão de Gutemberg e pela segurança da comunicação com o surgimento dos correios no Século XV.

Surgindo como resultados dos movimentos de Liberação politica, com o poder de formação de opinião pública capaz de transformar a sociedade, independente do local e da era, chegando a ser chamado de "Quarto Poder". O primeiro jornal Diário publicado foi em 1650 na Alemanha. Sendo que no Brasil, há controvérsia quanto ao primeiro Jornal editado, alguns creditam ao Jornal Brasiliense de cunho oposicionista criado em 1º de junho, em Londres por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, e outros a Gazeta do Rio de Janeiro, jornal Oficial do Império, impresso a partir de 1808. Afirmam que existe o dia mundial do jornalista, levando-se em conta o maior número de pessoas comemorando, o dia 8 de novembro que seria o dia oficial, em que 1,3 bilhões de chineses comemoram a data. Nos EUA, o dia do jornalista é comemorado em 8 de agosto e mais datas surgem em pesquisas em outros países. No Brasil, pátria amada, idolatrada pergunta-se por que o dia 7 de abril?

Em Sergipe o primeiro Folhetim impresso foi na cidade de Estância em 1832 com o Jornal o "RECOPILADOR SERGIPANO" pelo Monsenhor Antônio Fernandes da Silveira. A história do jornalismo evolui do sinal de fumaça, os tipos de Gutemberg aos tempos atuais através de sites, blogs, redes sociais e outros veículos multimidiaticos.

Cristiano Batista dos Santos
Enviado por Cristiano Batista dos Santos em 08/04/2013
Reeditado em 25/03/2014
Código do texto: T4229152
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