CADEIA PARA MENORES INFRATORES



Ao ler uma reportagem de uma revista semanal, fatos interessantes da minha infância vieram à tona.
Quando criança (aos 6 anos), iniciei meus estudos. A vida das crianças nascidas na colônia ou periferia de municípios gaúchos não era nada fácil. Colonos do minifúndio não possuíam posses suficientes para ter um carro. Uma charrete com cavalo já era um luxo.
Pois bem, para chegar ao colégio “Estrela da manhã” ou colégio “Cristo Rei”, os estudantes precisavam caminhar bastante. Para os que moravam na cidade, até que o trajeto era menos longo, mas para os demais, o percurso era longo e na maioria, sem calçamento.
Pequenina, tive que cedo percorrer uma distância aproximada de 3 quilômetros por trajeto. Todo dia, saíamos de casa bem cedo do sítio e por caminhos barrentos, sem calçamento, chegávamos ao entorno da cidade e prosseguíamos por uma rua até chegar ao colégio ministrado por padres.
Onde quero chegar é no presídio(cadeia) que ficava situado entre o trajeto para a escola. Crianças fantasiam muito e qualquer grão de areia pode transformar-se numa duna. Criados sob o crivo de pais de origem alemã e colonos, não era raro a gente escutar: “Se fizeres qualquer coisa errada na tua vida, vai parar na cadeia”.
Por isto, qualquer fardado era considerado um cara que podia, sem mais sem menos, prender a gente naquela cadeia, onde por obrigação, precisávamos passar todos os dias e ao olhar para suas grades, descobrir presos, olhando o movimento na rua através daqueles buraquinhos, por entre as grades.
Na esquina do presídio, sempre havia um policial armado tirando guarda. Eu nem me atrevia olhar para o tal guarda, por achar que aquele gesto bastaria para ser presa e passar minha vida atrás das grades.
Se parte das crianças que estudaram naquela época nestes dois colégios, tiveram o mesmo conceito de prisão que o meu, jamais se atreveram a desobedecer aos pais e professores, muito menos segurar uma arma de fogo em suas mãos. Conceitos que permanecem incutidos para sempre na mente e que serviram de freio para muitas crianças que por ali transitaram.
Lendo a reportagem sobre o tema, partilho da idéia de que as leis para menores infratores precisam com urgência ser revistos e adaptados para a atual realidade do país. Por compartilhar da idéia de que existe uma cruel inversão de valores, que através das entidades de direitos humanos, minimizam a responsabilidade dos assassinos em nosso país, enquanto as vítimas dos mesmos recebem pouca proteção.
É revoltante pensar que a todo momento, vítimas passivas morrem pelo gatilho de armas disparadas por menores de dezoito. Eles sabem que as leis os favorecem e que suas penas serão aliviadas.
A criminalidade no Brasil chegou ao ponto onde a crueldade dos criminosos não pode mais ser justificada por idade ou classificado como “problema social”. A maioria dos crimes não ocorre por falta de comida, mas para alimentar o vício e luxo.
Pessoas indefesas são roubadas, torturadas, mortas, estupradas porque existe a impunidade e atenuantes que protegem os menores infratores. Sempre a culpa recai sobre a sociedade, justificada pela falta de oportunidade e má qualidade ou o capitalismo.
O que se deseja é segurança para poder ter uma vida digna. Poder trabalhar e criar os filhos com dignidade, além de ter uma vida saudável, sem nos sentirmos sempre acuados e a todo momento, termos a impressão que estamos sob a mira de uma arma de fogo.
A “bolsa-bandido” já protege 40 mil famílias. Onde está a proteção aos órfãos do crime? O auxílio reclusão cresceu 550% nos últimos 12 anos. Recebem uma média de R$ 730, enquanto o salário mínimo vigente no pais é R$ 678.
Muitos questionam se esta proteção às famílias de presos é correta. Quando o provedor de uma família é morto por bandido, ela fica desassistida. A meu ver e a de muitos brasileiros, um rapaz de dezessete anos sabe perfeitamente o que faz quando mata a queima roupa um rapaz de dezenove anos.
Histórias tristes são evidenciadas diariamente e a população se sente cada vez menos protegida diante da ousadia e crueldade dos bandidos. O Estatuto da criança e do adolescente precisa ser revisto com urgência. Em países desenvolvidos, as penas começam bem cedo para menores infratores. A partir de 12 a 14 anos, estes paises já consideram seus cidadãos responsáveis por seus atos. Porque aqui é somente a partir dos dezoito?
Por fim, o que se quer é mais segurança em todos os setores da sociedade, para que nosso país consiga tornar-se cada vez mais um lugar melhor para ser vivido com punição mais severa àqueles que causam pânico, terror, sofrimento e insegurança aos habitantes do nosso Brasil.
Voltando a minha infância. As crianças daquela época não eram tão protegidas e mesmo na sua ignorância, sabiam o que não queriam para si. Porque os jovens de hoje não saberiam o que lhes é de direito, com toda informação que está disponível na mídia e sociedade?

Texto escrito Cristawein

Cristawein
Enviado por Cristawein em 19/05/2013
Reeditado em 19/05/2013
Código do texto: T4298208
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