A supressão de valores na sociedade mundial do início do século XXI

No início do século XXI, o Século das Inversões, observa-se, nas diversas regiões do planeta, o abandono total de valores que nortearam a vida social no decorrer da história da civilização humana.

As ideias centrais, que há séculos norteiam as sociedades humanas, acerca da moral, da ética, do direito e da justiça tornaram-se, para muitos, conceitos vazios e até mesmo inúteis.

Nos dias atuais, o direito injusto está em voga com uma força normativa como nunca se viu. A moral e a ética estão sendo cada vez mais afastadas não só do direito posto mas também da vida social.

O ideal de justiça já é considerado por diversas pessoas como algo utópico, irrealizável.

É sabido que o desenvolvimento técnico-científico-político-econômico-social modificou o modus vivendi humano e isso, se não gerou, propiciou a adoção de novas práticas sociais desvinculadas de valores que eram até então comuns e possibilitavam a existência de uma sociedade pautada na ordem, no equilíbrio, na justa medida do que devia ser.

Essa inversão de valores tem como base central a adoção da liberdade humana de forma exacerbada a ponto de configurar o absolutismo do relativismo. Hoje, tudo pode. O conceito de certo e errado, justo e injusto, bom e ruim foram levados a um reducionismo filosófico com o intuito de pregar a supremacia do relativismo pessoal e temporal.

O sofisma do relativismo consiste em negar a existência de uniformidade ideológica que paute a vida social. Com isso, todos os seres humanos têm os seus próprios conceitos de certo e errado, justo e injusto, bom e ruim e todos são livres para expressá-los como bem entenderem. Afinal, hoje, tudo pode. Só não se pode impedir que a liberdade humana seja cerceada para que o ser humano não agrida a si mesmo ou o direito de outrem.

Estamos vivenciando o Século das Inversões.

A vida de um nascituro tornou-se descartável. A vida dos animais irracionais está mais defendida que a própria vida de um nascituro. Não sou contra a defesa dos animais. Eles devem sim ser protegidos. Contudo, se lutamos para preservar a vida dos animais irracionais, por que não lutar pela vida dos nascituros, das gerações que estão por vir?

O ambiente natural está cada vez mais degradado. Muitos insistem em destruir a fauna e a flora para se desenvolver. Algo que provoca a destruição natural não pode ser visto como desenvolvimento.

Já há até teorias que dizem que o aquecimento global é uma farsa, que não há modificações naturais.

Em que planeta vivem?

A crise de representatividade nas democracias espalhadas pelo mundo aumenta a cada dia.

Escândalos envolvendo os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo tornaram-se comuns nas ditas democracias republicanas. Não seria o momento de se rever a viabilidade dessa democracia dita representativa?

No século XXI, atingimos dois ápices: o da produção de alimentos e o do número de famintos.

Analise o paradoxo. Nunca se produziu tanto alimento no mundo e nunca se teve tantos famintos.

Repito e friso: estamos no Século das Inversões. Este é apenas um pequeno artigo de opinião, se assim posso dizer, sobre o que pretendo aprofundar em outro momento.

Que voltemos aos nossos valores pautados pela moral, pela ética e pelo direito justo! Que sejamos conservadores do que é bom, do que é correto, do que é puro, do que é justo!

Que não caiamos no absolutismo do relativismo que tudo questiona, que nada afirma, que tudo permite e que tudo atrasa!

Que defendamos os nascituros, a fauna, a flora e que revejamos a utilidade da democracia dita representativa!

Saullo Pereira de Oliveira é bacharelando em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Membro do Grupo Transdisciplinar de Estudos Interinstitucionais em Análise e Psicologia Jurídica (G-TEIAPSI) da UFC. Membro do Centro de Estudos de Direito Constitucional (CEDIC) da Faculdade de Direito da UFC. Contato: saullooliveira@alu.ufc.br.