O FIM À VIDA

Li, na Revista Psique n. 92, edição de agosto/2013 (que acabo de receber), uma matéria que fala sobre o suicídio. A par dos debates que o tema encerra, tem-se perguntado muito a seu respeito, inquirindo que “dor é essa que anestesia a alma” e que levam as pessoas, dentre as quais muitos jovens, a colocarem um fim à vida?

Não se tem ao certo uma resposta. Ao que se sabe, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é que cerca de 3.000 pessoas cometem, por dia, suicídio no mundo e que a cada 39 segundos uma pessoa se mata. No Brasil chega-se a 24 mortes diárias, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), diz a reportagem da revista.

O suicídio é, hoje, a terceira causa de morte mais recorrente entre as pessoas de 15 a 44 anos. Já entre os jovens de 10 a 24 anos, constitui a segunda maior causa de morte (in revistaepoca.globo.com).

Dado o crescimento mundial de pessoas que põem um fim à vida, o caso vem sendo tratado como uma importante questão de saúde pública no mundo inteiro, estimando-se que até o ano de 2020, segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 1,5 milhões de pessoas irão cometer suicídio por ano, e a dimensão do problema é preocupante: além do número de cerca de 3.000 suicídios por dia, sabe-se, agora, que cerca de 60 mil pessoas tentam, diariamente, mas não conseguem (in revista de Psiquiatria Hoje Debates, in www.abp.org.br).

Para a psicologia, essa intencionalidade de matar a si mesmo pode ser consciente ou não, havendo uma série de fatores que podem levar ao suicídio, desde a questão socioeconômica até eventos traumáticos e transtornos psicológicos. Outro ponto importante – aponta a revista Psique – são as questões sociais como problemas familiares, amorosos e financeiros, ressaltando que depois dos transtornos do humor (depressão, distimia e transtorno bipolar), o abuso de substâncias químicas é a segunda causa mais comum de suicídio.

Mas, o que será que as pessoas que se suicidam buscam? Será outra vida mais cheia de paz, de reconhecimento do seu valor e da sua luta ou de mais amor e compreensão? Cansaram ou se desiludiram da vida?

Ah! Sinceramente, não sei. E, ao que parece, ninguém sabe ao certo.

Mas, se é certo que por trás da triste opção entre a vida e a morte existe um comportamento multicausal (muitos fatores); não é menos certo dizer que se não houvesse ocorrido naquele momento um transtorno ou uma perturbação que lhe turvasse a razão e o tivesse distanciado de sua alma, com certeza a escolha das pessoas nunca teria sido o fim à vida, senão o seu recomeço.

Afinal, o fim à vida, assim tão rápido e de forma abrupta e dolorosa, não põe um fim aos problemas da existência de cada um, posto que a morte não é o fim de tudo; nós apenas passamos para o outro lado do caminho.

***

eldes@terra.com.br