A curiosidade é natural.
A criança que ganha um carrinho de presente, deseja, num primeiro momento, saber o que tem dentro dele. Então, ela o pega, abre suas portinhas, capô, porta-malas e observa o que há dentro, para somente depois dessa minuciosa investigação, inserir bonequinhos, pedrinhas, pequenos insetos e outros pequenos objetos, nele.
Mas, algumas vezes, as portas do carrinho não se abrem e a criança sente-se frustrada.
A frustação vem da incapacidade de enxergar o que está escondido e, principalmente, em não poder colocar nada no carrinho.
Assim acontece no dia a dia, em menor ou maior grau, em nossas vidas.
Desejamos estar à frente dos acontecimentos. Conquistar melhores posições, sabermos mais.
O mundo globalizado exige uma atitude mais acirrada, mais competitiva.
Precisamos ter o melhor carro, o melhor aparelho celular, a melhor roupa.
O saber, o conhecer, virou sinônimo de status, de forma de dominação.
Quanto mais eu sei, mais eu conheço, mais eu posso.
Quando “as portas do carrinho” estão fechadas e não podemos enxergar seu interior, sentimo-nos frustrados, incompetentes, desmotivados.
Chegam-se os episódios de depressão, angústia, isolamento, afetando nosso convívio social e nossa autoestima.
Já não somos tão poderosos a nossos olhos e esse sentimento, afetam nosso psicológico de maneira destrutiva.
A curiosidade é natural e válida, principalmente quando direcionada a investigação e pesquisa para nosso engrandecimento pessoal, sem diminuição do outro.
Não saber nos frustra na mesma medida em que “o não conhecer” desperta-nos um sentimento de castração e a única forma de sermos confiantes novamente, é abrindo as portas do carrinho.