A DESIMPORTÂNCIA DOS IMPORTANTES

Abdicar de valorizar nomes, sobrenomes, status, cor é enxergar o valor real de um ser humano.

Não sei por que diabos, mas vivemos em mundo onde o Albuquerque Figueiroa Rezende Andrade da Matta se acha, e é tido por alguns, como exemplo e melhor do que o Francisco de Assis.

Se a justiça é para todos por que é que ela beneficia aquele que cometeu um crime pelo fato dele ter um pedaço de papel pendurado na parede certificando que ele se formou em algo? Nesse caso, o que deveria ser é avaliado é o histórico do indivíduo ou o ato praticado por ele?

Devido a essa cegueira, muitos bons profissionais são perdidos pelas empresas, pois acreditam que mestrado, doutorado, pós graduação entre outros títulos fazem com que alguém seja mais capaz e melhor que o outro.

Os pais fazem votos e questão de que seus filhos casem com aquela pessoa que, segundo eles, são de boa família, mas na verdade, essa "boa", em algumas vezes é baseado no que essa família tem e não no que ela é. Casamentos se tornam investimentos para eles e, assim, assinam um atestado de infelicidade para seus filhos. A palavra de uns tem mais valor que a de outros também por esse motivo. A mentira é aceita por isso também, pois se uma pessoa que se veste de forma simples e leva uma vida modesta fala algo, e o outro que ostenta seu “ter” passageiro, fala outra coisa, o segundo é ouvido enquanto o primeiro é ignorado.

Na época de Jesus sucedeu o mesmo. Por não ter chegado em uma carruagem ornamentada ou nascido entre paredes de ouro Jesus era ignorado. Mas quem perde com isso são só esses, os que têm essa visão medíocre.

Precisamos aprender a ouvir todos e avaliar o todo pela forma como é dita e mostrada, caso contrário, acumularemos brasas vivas sobre nossas cabeças.

Ao chegar em uma loja, se não estivermos bem trajados ou dentro de um automóvel caro, às vezes não somos bem atendidos, com a devida atenção, como se fossem a roupa ou carro que fossem pagar nossa conta. E o pior de tudo são os infelizes que acabam acreditando que são indispensáveis e melhores que os outros. Se parassem para pensar entenderiam que são apenas camas elásticas ou escoras frágeis de fracos e frustrados.

Dentro desse aspecto observamos, também, as uniões conjugais. Casamento construído a base de interesse financeiro ou atração física é pura ilusão, porque o coração não tomou parte em nenhum momento na relação, mas foi o interesse materialista que calculou.

Olhar as pessoas com bons olhos, sem preconceitos e discriminação ou supervalorização e tratá-las de forma igual é o que mostra nossa grandeza moral.

Certa vez, ao chegar à Delegacia em Ubá e pedir uma informação sobre um documento que eu estava precisando, falaram-me para procurar alguém de nome Fernando, se não me engano. Saindo dali e indo para outra parte, quando perguntei pelo Fernando a atendente me disse “Doutor Fernando”. Coitada. Parece que ela se contentava em chamar alguém de doutor ou trabalhar com alguém que fosse um, quando na realidade todos somos do mesmo calibre, no sentido de tratar e sermos tratados, educadamente, a e por todos. Já que ela não era doutora pelo menos ela podia incitar a alguém a chamar o Fernando de doutor.

Os pronomes de tratamento tais como VSS. Magnificência, Vossa Santidade, Vossa Excelência causam náuseas em muitos, e em mim também. Não existe nada melhor que eu chegar perto de você e te dizer “Bom dia, meu amigo”, “Olá, meu irmão”. Isso é tratamento humano, educado e igualitário. As pessoas que fazem questão de serem chamadas desses pronomes querem nos dizer que “eu sou superior ou melhor que você e não quero que você se equipare a minha pessoa”.

Diga-me uma coisa:

Você pode comprar a luz do sol?

Você pode pagar para fazer chover?

É seu status que planta o arroz, o feijão ou o trigo que leva o pão à sua mesa?

Você é cem por cento independente?

Você acha que é possível comprar um lugarzinho no céu?

Você deduz que ser rei na terra é ser rei no plano espiritual?

Você acredita que o dinheiro compra tudo? Se sim, qual é o preço da vida? Qual é o preço da paz? Quanto custa a felicidade?

Deixe seu orgulho besta de lado e entenda que o maior de todos os homens foi humilde ao extremo e chamou o Ser supremo de Pai.

Desça desse patamar oscilante que você está antes que a queda te mostre que a superioridade não está nos títulos, no dinheiro ou sobrenomes, mas na elevação e evolução interior.

Por Sidney Kardec