O Primeiro Poder

É preciso que a gente se convença de uma vez por todas de que existe uma imprensa universal com o fim oculto de preparar diariamente a opinião pública segundo seus desígnios. O que também se processa a níveis nacionais.

Precisamos também nos convencer de que normalmente um grupo, em geral com traços não distinguíveis, a princípio, aproveita-se da miséria de contingentes menos favorecidos para tirar enormes proveitos. O que de modo algum é revelado pela imprensa, cujo objetivo, no mínimo, é conduzir a opinião pública numa direção contrária. Daí os diversos tipo de especulação a que estamos sujeitos. Como a imobiliária, dos preços de gêneros alimentícios, de passagens de transportes coletivos, etc. Por isso – a gente já viu esse filme – é que certos artigos de consumo somem de repente para depois aparecerem com os preços duplicados ou triplicados. Manobras que muitas vezes deixam de merecer da imprensa uma análise mais cuidadosa. Pelo simples fato de a imprensa receber recomendações nesse sentido. Como pode receber recomendações num sentido oposto. Quando a ideia for a de favorecer manifestações públicas que possam gerar o caos, a repressão policial, a necessidade do restabelecimento da ordem. E os necessários aumentos de preços destinados a compensar os prejuízos.

Daí pode-se concluir que imprensa e poder monetário são coisas que se completam. Ou se complementam. Ou que se retroalimentam. Havendo a preponderância da difusão ou da propaganda. Um trabalho da imprensa. Que é, na verdade, o primeiro poder.

Porque através de notícias fabricadas e sistematicamente veiculadas, esse primeiro poder vai construindo o pensamento da massa em consonância com quem detém de fato o poder monetário.

A guerra na Síria pode não se processar exatamente como as notícias veiculadas pela imprensa ocidental. Saddam Hussein pode não ter sido o tirano que quiseram que acreditássemos que fosse. É bom lembrar que o enriquecimento de urânio no Iraque foi usado como motivação para a invasão desse país. Ficando depois comprovado que não houve enriquecimento de urânio algum. Muita coisa pode ser irreal.

Ninguém duvida de que os jogos olímpicos tenham substancioso peso político. Hitler, tão racista como muitos que ainda existem, deve ter querido demonstrar a superioridade da raça ariana nos jogos olímpicos da Alemanha do seu tempo. E, no entanto, derrotado pelo negro Jesse Owens, teve que deixar o estádio antes do fim da competição. O acúmulo de medalhas de ouro por parte de determinados países nas Olimpíadas serve para demonstrar a superioridade deles em relação às nações concorrentes. Os jogos olímpicos de Sochi, na Rússia, de organização impecável, podem servir para dizer ao mundo algo como “olha, estamos aqui. Não nos subjuguem, não, que ainda somos capazes de muita coisa”. Além de servir de estímulo à recuperação da credibilidade do presidente russo, que andou meio abalada. Segundo o que ficamos sabendo – pelos jornais.

E o que dizer do meticuloso trabalho de espionagem levado a efeito pela NSA (Agência Nacional de Segurança) dos Estados Unidos, e felizmente revelado ao mundo pelo americano Edward Snowden? Existe maior confirmação, que essa revelação, de que o conhecimento prévio pode significar consolidação ou aumento de poder?

Portanto, esse formidável aparato que garante o domínio de certas nações em relação a outras, e de um grupo aparentemente indistinguível em relação a todo o mundo, tem como embasamento fundamental o poder do conhecimento e o poder de difusão, através da imprensa, do que pode ser revelado. E da forma que deve ser revelado. Sempre de acordo com os interesses de quem detém esse poder.

A isso temos o dever de estar atentos. Não que na verdade possamos fazer alguma coisa. Mas para que tenhamos uma noção mais próxima do que acontece. Ou do por que as coisas acontecem.

Rio, 10/02/2014

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 11/02/2014
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