Histórias que não gostaríamos de ler

À dias terminei de ler um livro, ao qual não recomendo a ninguém, a não ser para aqueles que “tem estômago”, como eu julgava ter.

O autor, Jacques Delarue, nasceu em Bricquebec na Mancha em 1919.

Em 1942 entrou para a polícia. Resistente, foi preso durante a ocupação alemã na França e demais países da Europa.

Com a libertação – de 1945 a 1952, foi encarregado da liquidação das seqüelas da ocupação (Redes alemãs, Gestapo, Crimes de guerra). Este trabalho permitiu a ele consultar numerosos documentos conservados secretos, dando a Jacques início ao seu trabalho de historiador.

Título do livro: Tráficos e Crimes (a segunda e mais importante parte da história da Gestapo) aborda quatro assuntos particularmente ardentes e em geral ignorados pela maioria, são eles:

1 – Os subterrâneos do câmbio negro.

O mercado negro e o papel dos agentes alemães. Os “escritórios de compra” e de espionagem alemãs e de polícia camuflada, ou seja da pilhagem econômica da França.

2 – O que foi a L.V.F.

A legião de Voluntários Franceses contra o Bolchevismo, a qual levou franceses a servirem debaixo do uniforme alemão.

3 – A destruição de “Vieux-Port” de Marselha.

Um vasto bairro que abrigava cerca de 25.000 habitantes, expulsos de suas casas, com menos de duas horas, sem aviso prévio, somente com pequena bagagem nas mãos.

4 – A divisão S.S. “Das Reich”.

Os crimes no sudoeste da França no período de março a julho de 1944.

Com destaque para os massacres das vilas de Tulle, Oradour e Argenton, onde a ação do chamado “Ser Humano” chegou aos níveis mais baixos que se pode imaginar.

Considerando que tudo isso aconteceu após o desembarque dos aliados na Normandia, ou seja, a partir do dia 06 de Junho, quando os alemães já consideravam que a guerra estava perdida, é inadmissível que crimes medonhos que foram praticados nessas vilas, sejam considerados “crimes de guerra” uma vez que essas monstruosidades foram praticados contra civis indefesos como: trabalhadores, mulheres, idosos e crianças.

Apenas para citar um exemplo em Oradour, em uma igreja com 240 mulheres e 242 crianças, houve apenas uma mulher sobrevivente: Marguerite Rouffanche, que conseguiu um lugar “privilegiado”, jogando-se ao solo, fingiu-se de morta e milagrosamente escapou.

Com relação a impunidade dos autores dos crimes e massacres praticados pelos nazistas, o autor põe fim a sua narrativa:

“Sem dúvidas Lammerding (um dos envolvidos) está agora certo de terminar seus dias no conforto e na paz, em sua linda casa de Dusseldorf, respeitado pelos seus vizinhos, como se deve em relação a um antigo general.

Às vezes talvez, quando suas recordações do “bom tempo” passado o assaltam, ele se põe ainda a sonhar com estas pequenas encantadoras vilas do sul da França, onde o sol era tão tépido, o vinho fresco, e a vida... realmente não valia nada”.

“O Passado nunca morre, nem sequer aconteceu”

William Faulkner – Escritor Norte Americano