O futebol não pode pagar o preço de um governo corrupto

O futebol, como é de conhecimento de todo brasileiro, não é apenas o esporte mais popular do país, mas também é a maior bandeira verde e amarela levantada mundo afora. Ou seja, é pelo futebol que muitas vezes o país é lembrado nos demais continentes. O rótulo do Brasil como "o país do futebol" foi criado há décadas, refletindo sobre o tamanho do talento brasileiro para tal prática esportiva.

Porém, às vésperas do maior espetáculo esportivo do mundo, que reúne os melhores jogadores de futebol da atualidade, espetáculo esse que será exatamente realizado no país do futebol, o povo brasileiro, tão orgulhoso de sua arte, está visivelmente envergonhado e revoltado. Mas não confunda: não é o futebol o motivo da revolta, e sim o governo brasileiro, detentor da maior corrupção do país, que, assim, aflige todos os cantos do Brasil, inclusive o evento futebolístico.

Não culpemos o futebol pelo momento que o Brasil atravessa em termos políticos. O futebol deve ser visto, assim como qualquer esporte, como uma extensão de uma educação de qualidade e como um dos principais recursos para que os jovens tenham oportunidades diferentes daquelas encontradas nas ruas. E em Brasília...

É inegável que a população está revoltada e encontrou na Copa uma maneira de mostrar ao mundo o tamanho da corrupção que assombra nosso país. Mas não devemos confundir e deixar a impressão de que o "país do futebol" se transformou no "país da corrupção". Como se isso já não tivesse acontecido.

Na verdade, a minha impressão é de que a Copa do Mundo no Brasil não podia ocorrer em um momento político pior, e isso está manchando a imagem do nosso futebol. Com isso, as bandeiras verdes e amarelas ainda estão guardadas no armário. As camisas da seleção não são tão procuradas. Os jogadores não são tão ídolos como em outras Copas.

A realidade é que, infelizmente, a única bandeira que vemos levantada por aí é aquela vermelha com uma estrela no meio, estendida pelo governo federal, que, aliás, perdeu uma enorme oportunidade de atender às reivindicações públicas e deixar um grande legado para o povo brasileiro após a Copa do Mundo. Porém, o dinheiro destinado ao Mundial foi muito mal administrado, como em outras oportunidades.

Assim, foram construídos enormes estádios, em estados onde o futebol não é tão disseminado, os chamados "elefantes brancos". Aeroportos e a logística para receber turistas, assim como políticas públicas que vão ao encontro de uma valorização da educação, e investimentos em segurança pública, aproveitando a oportunidade: nada disso foi feito. E a sujeira política espalhada pelo Brasil será colocada debaixo do tapete durante o mês de realização da Copa.

Eu, como um amante inegável do futebol, admirador dessa arte e dessa gente que encanta o mundo com a bola nos pés, já estou acompanhando todas as movimentações em canais esportivos, animado com a Copa do Mundo em meu país. Porém, enojado não só com a corrupção que cerca o Mundial de futebol, mas também com a atual situação política do Brasil.

Um grande espetáculo de futebol vai começar, e em nosso país. O grito da discórdia e da revolta deve ser transformado em torcida e em incentivo para os jogadores que representarão o Brasil na Copa do Mundo. A grande manifestação deve ser feita nas urnas, na eleição de outubro. Sim, está tudo errado! Mas considere que o futebol é o grito de liberdade e de justiça. O futebol é a nossa arte, é a face admirável do Brasil para o mundo. Bem diferente da nossa política.

Rumo ao hexa! Rumo à mudança, Brasil!

Kallil Dib
Enviado por Kallil Dib em 28/05/2014
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