Hipnose em queda

Redução da hipnose.

Algumas doenças necessitam de remédios amargos durante o tratamento. Nosso país está doente há mais de 100 anos. A causa é conhecida: péssimos administradores públicos que se aproveitam da ignorância e inocência de um povo que não percebe que as “soluções” para nossa doença não passam de “esparadrapos” para esconder as feridas das chagas que contaminam nossa dignidade.

A realização da copa de futebol em nossa terra foi uma espécie de anestesia para esconder a dor que nos aflige. A conquista do troféu serviria como uma dose triplicada de morfina com uma duração de 3 ou 4 meses. O suficiente para que os aproveitadores que infestam os palanques virtuais usassem tal vitória como fato para receberem votos dos eleitores extasiados.

Felizmente uma nuvem de consciência coletiva assolou o time nacional no jogo contra a Alemanha. Cada atleta nosso, inconscientemente, evitou ser usado como instrumento para justificar os elevados gastos (com obras e desvios) com o evento que enriqueceu diversos signatários dos obscuros contratos atrelados à festa.

De alguma forma, perceberam que milhares de nativos ficaram sem atendimento hospitalar, sem escolas, sem habitação, sem segurança, sem dezenas de itens necessários às suas vidas para que suntuosas obras faraônicas servissem para encobrir desvios de verbas sociais.

Abriram mão de continuar a farsa que seria usada para “adoçar” o ego dos esfomeados que não sabem reivindicar seus direitos às oportunidades que merecem pelos impostos elevados que pagam param sustentar as mordomias das parasitas que nos comandam. Bem conduzidos, chegariam a votar “nos mesmos” em agradecimento ao título de campeão mundial de futebol. Não precisamos deste título pois temos dezenas de outros: campeão de injustiças, de baixo nível escolar, de contaminação hospitalar, de crimes não solucionados, de desvios de verbas, de impunidade, etc.

Nossos atletas entenderam que esta alegria proporcionada ao povo é efêmera e que o excesso seria usado como anestesia para reduzir nossa dor pelos problemas sociais que as autoridades não se empenham em resolver. A euforia teria uma duração curta. Mas a mídia saberia esticá-la até às portas das eleições sob o patrocínio da elite dominante que prega alegria para o povo com a barriga vazia.

Reconhecemos que cada atleta sofreu com a saída dolorosa da competição. Mas o fizeram por uma boa causa. Por isto devem ser considerados heróis.

Enquanto o povo compra jornal para recortar cupon ou telefona para a tv (e ainda paga) para eleger o melhor jogador da seleção, os gerentes das urnas eletrônicas efetuam testes de funcionamento do artefato na surdina, no sentido de garantir o resultado do pleito sem que seja preciso ocorrer uma prorrogação ou disputa em penaltyes.

Enquanto montam nova forma de hipnotizar os recebedores de “bolsas” que impedem o crescimento da nação.

Haroldo P. Barboza – Matemático

Autor do livro: Brinque e cresça feliz.