A faculdade de escolha baseada em fundamentos morais e éticos

A revolução do ato legislador do ser humano

(A faculdade de escolha baseada na obra de Immanuel Kant)

The use of the faculty of knowledge in the democratic process free choice involving value judgments and moral

Nos dias atuais, há muitas formas de convencimento através do discurso, da imagem, enfim, daquilo que condiciona o homem à prática de algo, a um conceito pré-estabelecido. Tem-se uma enorme dificuldade em se “legislar” sobre o que se recebe por informação sem sequer produzir-se questionamento. Daquilo defendido pelo filósofo Immanuel Kant, vindo a se chamar de faculdade de conhecer, exige-se a posição inversamente proposta do sujeito em relação ao objeto. Ao ser pensante é dado o poder de analisar sobre uma determinada questão ou proposta. A natureza, que, antes de Kant, definia o curso dos acontecimentos era, a partir daquele momento, submetida ao observador por subjetividade, o caráter verdadeiro de sua ação.

A pergunta seria: em que consiste a faculdade da razão? A sensibilidade artística, o juízo estético, a cognição, aliadas às lógicas de pensamento, levando o que julga à conclusões mais precisas no momento da análise. O homem não é o sujeito passivo, mas sim o principal elemento na análise empírica e científica. No contexto social e político, Kant deixou sua contribuição na chamada Paz Perpétua, tendo como um dos pontos culminantes de se evitar hostilidades que tornem impossível a paz futura. Essa questão é tratada nos campos do direito, da filosofia da História, da relação da política com a moral.

Pois bem, no cenário mundial, nos conflitos étnicos, nas guerras por território, onde a busca pelo equilíbrio, pelo progresso, pelo que se conhece, só é possível quando todos trabalham num só objetivo: o progresso. No Brasil, isto está muito longe de ser praticado. A política está eivada de interesses mesquinhos, longe da ética política e da moral. O povo vale-se de ofertas corruptas para continuarem a beneficiar-se de programas assistenciais com uso de dinheiro público. Não se vê refletido na figura dos homens públicos, comprometimento em prol do bem comum.

A faculdade de escolha do eleitor nas eleições deve estar baseada na observação criteriosa do objeto analisado (político). Isso evitaria, na maioria das vezes, o cometimento de erros pelos quais toda uma nação padece. A inclinação do sujeito deve ser sempre em função da garantia da harmonia e progresso, não por interesses meramente egocêntricos. A sociedade pode ser enquadrada numa espécie de dogmatismo ingênuo, ou senso comum, levada pelas aparências especulativas de uma determinada realidade. O filósofo admite o aspecto comunicável do conhecimento dito popular. Tal princípio é norteado por uma visão de realidade subjetiva, portanto, não descartada. Mas sem maiores intromissões no pensamento kantiano, o senso comum precisa necessariamente, de respaldo verdadeiro para ser levado em consideração, sendo “canalizado” dentro de uma realidade social, da verdade que se deseja seguir em harmonia com as demais faculdades.

Ao perquirir, com parcimoniosa atenção, o senso comum estabelece parâmetros empíricos, alguns sem comprovação científica, chamados a priori , como a experiência de um determinado grupo social possibilitando a escolha do sujeito sobre aquilo que é julgado como adequado à sua realidade. Ninguém é capaz de julgar algo se não for guiado pela faculdade da razão e um juízo de valor.

O conhecimento deve basear-se no dogmatismo crítico que, após referencial análise, formula uma opinião concreta e firme na qual a inteligência age conjuntamente com os sentidos. A ética, da qual falam os governantes, dissociada da moral, não acrescenta em coisa alguma ao bem comum. O bem público, não servindo para enriquecimento de alguns, deve ser administrado de maneira responsável, reflexiva, tendo em vista o progresso.

O posicionamento investigativo do homem coordena suas atitudes em relação ao mundo que o cerca. Seus valores morais, sua crença, (filosofia transcendental) sua relação com o semelhante, a ética, o juízo estético, a busca pela paz. Quando posiciona seu pensamento e desejo em direção ao bem, o resultado é positivo visto ser algo fruto de uma mente movida pela busca do conhecimento verdadeiro e suas consequências. Pensar, essa é a forma principal para se alcançar o verdadeiro caminho da unidade. Não se pode transferir tal atribuição para um representante que em nada se identifique com a realidade presente.

Não se concebe comparar realidades entre países nos quais houve verdadeiras revoluções por um objetivo comum, movidos pelo sentimento nacionalista de mudança. Por longos anos o Brasil foi prejudicado por interesses daqueles preocupados com a manutenção de seu poder e “vendendo-se” por muito pouco. O amanhã sempre chega, já disse alguém. Com ele as consequências de um país deitado eternamente em berço esplêndido da corrupção que o impede de ser visto e reconhecido como parceiro internacional de alguma relevância.

Ou seja, não é necessário pôr à prova a capacidade administrativa de alguém dando-lhe um cargo, quando se conhece sua desorganização pessoal. Seria um desastre; isso é deduzível. No que tange ao serviço público, as contas públicas, a aplicabilidade dos recursos destinados à saúde, educação, segurança, principais reivindicações da população, especialmente mais carente, observa-se o alto nível de má gestão, talvez nem tanto por incompetência, mas por falta de caráter, algo originado da moral.

Alguém interessado em utilizar os recursos com responsabilidade, irá avaliar quais mecanismos aplicar, o quanto deverá ser investido para o resultado almejado. Levar-se-á em conta aspectos regionais, socioeconômicos e culturais, das classes e suas necessidades mais urgentes. Cada mudança advém de uma causa. Num país cuja insatisfação seja gritante, manifesta-se de formas variadas a fim de demonstrar sua indignação. Se tal processo não seguir adiante, sucumbir em mero desejo, tudo paralisará naquele instante de fervor cívico. Uma nação não pode ser assim definida e vista, quando comprometida com causas legítimas, quando ciente de sua responsabilidade por suas más escolhas, em não julgar criteriosamente seus atos e de seus representantes. A faculdade de conhecer possibilita dentre outras coisas, escolher como e quando agir em defesa de seu progresso. Do contrário, a verdadeira democracia não passará de um mito, uma quimera.

É preciso sair da “caverna” do egoísmo, da insensibilidade e vasculhar a verdade encoberta por aqueles que pensam serem os “donos” da história. O problema de um é também dos outros. Para haver desenvolvimento é preciso trabalhar em conjunto, somar forças, buscar alvos elevados. Uma sociedade organizada é uma sociedade que prioriza a justiça social e igualitária.

Considerações Finais

O sentimento nacionalista deve estar pautado no desejo de mudança para algo melhor, isso decorrente de sacrifício de todo um povo desejoso pelo progresso. A escolha bem feita só é possível quando feita com responsabilidade e critério de análise empírica e científica. Ambos trabalham conjuntamente na faculdade de conhecer, de julgar o que seja melhor ou pior num determinado momento.

Interesses pessoais não acham espaço na verdadeira democracia, ou não constituem passagem fácil em meio a um povo politizado no sentido positivo do termo. Para construir um futuro faz-se necessário desejar obter conhecimento, a partir daí, conseguirá extrair o de melhor de si e do seu país.

Referências Bibliográficas:

Deleuze, Gilles Para ler Kant 2 edição/ tradução de Sonia Dantas Pinto Guimarães/ Ed. Francisco Alves , 1976

Terra, Ricardo Passagens- Estudos sobre a Filosofia de Kant Editora UFRJ / 2003

MartaPoetisa
Enviado por MartaPoetisa em 09/10/2014
Reeditado em 22/01/2017
Código do texto: T4993217
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