AS VÍTIMAS DO DIA A DIA

AS VÍTIMAS DO DIA A DIA

Jorge Linhaça

Nos dias atuais é praticamente impossível não sermos, todos nós, vítimas, num sentido mais amplo. Muitas vezes o papel de vítima e agressor também se confunde e/ou alterna em nossas vidas.

Em um sentido mais amplo, podemos considerar que somos, todos nós, vítimas de um sistema que insiste em reproduzir cada vez os estereótipos sócias, sem levar e conta que é o próprio sistema que permite a existência dos mesmos. Os ódios e preconceitos tem se arraigado de tal maneira ao pensamento das pessoas que as últimas eleições serviram para expor nas redes sociais, todo esse sentimento mascarado durante outros momentos.

Todos somos vítimas, em maior ou menor grau, desse tipo de pensamento que insiste em pressupor uma superioridade de algum grupo sobre o outro, independente de a qual grupo pretendamos nos referir.

Quando nos deixamos vitimizar pelos discursos fáceis e de fácil aceitação por outras pessoas, muitas vezes passamos a exercer o papel de vítima e agressor ao mesmo tempo.

A questão toda é que chegamos a um momento onde a máquina social ( sim falo em máquina pois as pessoas estão tão robotizadas em suas ideias e ações) se retroalimenta sem necessitar de pouco mais do que um pouco de lubrificação devidamente assegurada por aqueles a quem interessa manter esse estado de coisas. Sim, há que lucre, e muito com esse estado de coisas, e não é só parte da imprensa. Ela é apenas a ponta do iceberg. À bem da verdade se os jornalistas pudessem expor tudo o que conhecem ou tomam conhecimento, a realidade poderia ser diferente. Mas eles também precisam trabalhar e sustentar suas famílias.

Não sei se vocês já repararam, mas sempre que um debate começa a tomar alguma profundidade em algum programa, logo aparece um corte providencial do pensamento do entrevistado, seja por alguma piada ou por um comentário que desvie o foco do eixo principal.

É proibido aprofundar assuntos que levem uma parte, ainda que mínima, da sociedade a despertar da hipnose coletiva a que está sujeita.

Vou parando por aqui, até porque muitos já pararam a leitura no segundo parágrafo.