CORRUPZELAS?

Se as rodas da corrupção pararem de girar, os canais de lamas serão estancados na sociedade.

ACMC

Sistemas corruptos, sem “águas” humanas, é retórica de “ideologiseiros” do instituído. Putrefação Moral só ocorre em nossas agendas, é fabricação, é problema vivencial. Esperneemos ou não, Ruy Barbosa acertou: “a corrupção é a malária dos povos de moralidade estragada", sei que faço paráfrase. Andam as águas tão contaminadas que forcei o neologismo “corrupzelas”.

Ser Bom ou mau caráter consiste na essencialidade ética desse fenômeno. Não seria estúpido para negar as fortes correntezas dos rios corruptores. Acima de tudo, porém, estamos nós. Ora, se nossos atos visam ao auferir de vantagens ilícitas, não importam quais, bebemos e damos de beber águas emporcalhadas, poluídas, mortíferas. Não conheço instrumento medidor que nos revele o quanto de corrupzelas geramos no dia-a-dia. Mente-se tanto sobre isso que se chega a acreditar que são verdades tantas mentirarias. Vale, sim, a chicotada do Mestre: “Tira primeiro a trave que está no teu olho”.

As corrupções constatadas nas engrenagens institucionais são minadas por seres que julgam tal procedimento absolutamente ético. Daí acreditarem na compreensão e tolerância, afinal, as coisas ocorrem navegando-se por essas águas. Não é à toa a falácia: “Nos atacar é achincalhar o Estado”. Nossas acusações e nossas críticas devem ser implacáveis, fundamentadas e Morais. Se a tubulação estiver fragilizada, é mister, urgentíssimo, trocá-la, reinventá-la, enfim, por a correr água sadia, água que sacie a sede de Justiça, de Democracia e de Liberdade. Se não me entende, pense, amigo, nisso: conforme o Tribunal Superior Eleitoral, nas eleições de 2014, foram gastos R$ 5,1 bilhões. Nada menos que 95% dessa grana, adivinhe, vieram daquele diminuto grupo empresarial. Dos 27 integrantes da CPI da Petrobrás, dez foram financiados pelas empresas investigadas. Isso, mesmo sendo legal, é uma afronta aos Brasileiros. Os rios que desembocam nos caixas 2, em campanhas eleitorais, não são “bostas da Geni” atiradas em nossas faces?

Contra essa lógica rasteira, reles e ordinária, precisamos avançar Moralmente; não apenas controlar fluxos de capitais e transações do sistema financeiro. Não há, reitero, corrupção abarcando aspectos da vida pública somente, ela também é malversação da consciência, é dilapidação do capital ético idiossincrático, é a disposição do sujeito para agir independentemente do estar bem de todos, é ato vil, de qualquer grau, são aquelas mazelas encapotadas. A qualidade, destarte, de nossas práticas, se quisermos outro jeito de viver, há de passar pelo imperativo ético kantiano: “Aja apenas segundo a máxima que você gostaria de ver transformada em lei universal."