Paredão

O Paredão

Acabo de ler uma entrevista da ministra Carmem Lúcia concedida à revista VEJA em setembro de 2014. Nela, a ministra enfoca problemas pertinentes à justiça brasileira, entretanto, abre uma janela para a discussão, quando diz: - A vingança se tem na barbárie, não na civilização. Doutas palavras para todos aqueles que de algum modo, acompanham o desenvolvimento da sociedade brasileira, em se tratando da relevância jurídica a que a frase se vincula. Como por formação, não tenho nenhuma ligação com as Ciências Jurídicas, atrevo-me a transportá-la para o mundo da Sociologia.

Queiramos ou não, todos os brasileiros (200 milhões) desde o nascer até a morte, estão dispostos frente a um paredão, como se estivessem marcados para serem fuzilados. Evidentemente, não por terem cometido algum crime que os levassem a tal situação, mas, simplesmente porque, a realidade social do Brasil caminha de maneira célere para a barbárie. Senão vejamos alguns casos que nos chamam a atenção e, ao nosso juízo, explicam a celeridade a que nos referimos.

1) O crescimento da violência – A sociedade brasileira há de concordar que esse crescimento está sem controle e aumentando a cada dia, graças a inclusão de menores de 18 anos no rol de criminosos. Como boa parte ou grande parte de nossos congressistas desconhecem a existência da Lei 8.069 de 13/07/90 que instituiu o ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente, busca de modo bastante usual e conhecido, justificar de modo sorrateiro, a incompetência dos gestores públicos, através de propostas para diminuir a idade penal. Ora, se nos dias atuais o sistema prisional brasileiro não atende ao que estabelece a Lei Penal, a começar pelo número de detentos em cada presídio, como vai atender à demanda pelo número de presídios necessários para abrigar os jovens infratores? Não seria mais lógico e mais fácil atender ao que determina o ECA?

Resposta: Seria sim, porém é necessária uma gestão competente.

2) Reordenar e reorientar a família – Rui Barbosa definiu Pátria como sendo a família amplificada. Como nossa Pátria parece uma lamparina exposta ao tempo – não suporta um vento ou um sereno que se apaga, deduzo que o aumento da violência praticada por jovens infratores está ligado à flacidez do sistema familiar onde não mais prevalecem os valores advindos do trabalho e dos estudos. Os valores hoje são outros advindos da concepção política que norteia o pretenso desenvolvimento social. Quanto a esses valores, não quero tecer considerações, pois expor o que penso, pode cansar o prezado leitor, porém se for provocado, não hesitarei em fazê-lo.

Para finalizar, afirmo que do modo como andam as políticas econômicas e sociais no Brasil, estamos a um passo da definitiva instalação da barbárie, pois o paredão está erguido para bandidos e cidadãos. Quem viver verá.

Teresina, 11/04/2015

Rui Araújo de Azevedo

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 14/04/2015
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