CADA MOMENTO, UMA CONDUTA?

A vida em sociedade exige comportamentos adequados em cada momento e lugar. Se em casa podemos estar relaxados e tranquilos, no trabalho devemos ser focados e responsáveis; se na festa podemos rir e falar alto, no culto religioso devemos ser comedidos e discretos; se na roda de amigos é possível contar piadas e gargalhar, no velório é preciso prece e silêncio.

Agir com tais posturas torna-se natural conforme amadurecemos e passamos a conhecer nosso lugar no mundo, pois repercutimos quase que inconscientemente a necessidade do ambiente, ressalvados casos especiais onde as pessoas se esquecem de usar o bom e velho discernimento.

Porém, na vida daquele que se diz religioso a situação fica séria. O mundo da "fé" pode ser hipócrita, ou melhor, as pessoas dentro da prática da fé podem tornar-se hipócritas, pois sua forma de agir dentro do culto religioso não raramente destoa gravemente de sua conduta cotidiana.

Será correto distribuir sorrisos e gentilezas ao irmão que cruza seu caminho no centro espírita, na igreja, no templo ou no terreiro, e não agir com a mesma cortesia e fraternidade no corredor do local de trabalho, no ônibus diariamente utilizado, no supermercado, na clinica de saúde, na vizinhança...?

É necessário o exercício da conduta correta para que realmente a absorvamos espiritualmente e nos tornemos bons (o bem se aprende, se praticado!). Contudo, não estamos realmente "treinando" ser bons quando tratamos apenas os afins como gostaríamos de ser tratados.

Claro, temos desequilíbrios morais e ser correto o tempo todo ainda é fardo um pesado. Mas, privilegiar ambientes em que se é virtuoso, enquanto noutros lugares não se pondera sê-lo, não é o mesmo que tentar e errar, é atitude calculada que visa a exclusiva satisfação do interesse pessoal!

Não temos mais a ignorância como desculpa para a nossa hipocrisia. Disse o Cristo "Seja, porém, o teu sim, sim! E o teu não, não!" (*) e essa deve ser a nossa meta.

Não sei como os outros são ou como se sentem ao olharem-se no espelho ou ao deitarem a cabeça no travesseiro diariamente. De minha parte, tenho vergonha de mim quando sou menos espírita na rua do que no centro espírita, quando ajo de modo menos espírita em casa do que durante uma palestra que realizo, quando me contradigo com atos, naquilo que prego e creio. E essa vergonha me diz que não posso mais ter a hipocrisia da fé como companheira de jornada.

Precisamos mudar... e para mudar, é preciso parar para pensar... eu parei.

_____________

(*Mateus 5, 37).

By Vitória Luz