Considerações sobre o aplauso

Segundo alguns historiadores, o aplauso surgiu na Antiga Grécia, como forma de estímulo por parte da plateia. Durante os combates entre os gladiadores gregos, quando havia empate entre os guerreiros, eles eram condenados a darem cabeçadas um no outro. Nessas ocasiões, o público, como forma de estimulá-los, batia palma.

Na cultura ocidental, o aplauso normalmente era usado pelos espectadores ao final de espetáculos, como concertos musicais, discursos, peças de teatro e shows, entre outros, como demonstração de contentamento e de reconhecimento do bom desempenho dos artistas.

Ultimamente, porém, tenho visto as pessoas usarem esse instrumento de exaltação, como manifestação em situações onde considero totalmente descabido o seu uso.

Nas igrejas católicas, por exemplo, já vi a assembleia aplaudindo a leitura do evangelho. Os aplausos não são para o leitor, mesmo porque alguns não são tão bons leitores para merecerem aplausos, mas para o próprio evangelho. Sinceramente, não entendo essa manifestação, pois o evangelho nos remete a um momento de reflexão e não de entusiasmo.

Mas, o que mais me intriga são os aplausos nos funerais, como se aquelas pessoas estivessem assistindo a um espetáculo e não compartilhando um momento de tristeza e de solidariedade com os familiares e amigos do falecido.

Pessoas que em vida talvez nunca tenham recebido um aplauso, mesmo quando aniversariavam, são aplaudidas no momento do funeral. Eu fico a me perguntar – Qual o sentimento de quem aplaude nesse momento? A pessoa que aplaude está demonstrando piedade ou contentamento?

Sabe-se que há cerca de 3000 anos o gesto era usado com sentido religioso em rituais pagãos, por diversas tribos, como um barulho para chamar a atenção dos deuses, mas essa não é a nossa cultura.

As pessoas costumam subverter costumes e conceitos em nome de uma pseudomodernidade, que se copia e se repete sem questionamentos sobre a origem, a essência, a adequabilidade e a repercussão dos atos.

Desejando serem modernos, muitos se tornam iguais, embora algumas vezes, com atitudes um tanto questionáveis.

Penso que devemos estar abertos, sempre, a novos conceitos e inovações, desde que comprovadamente bons e pertinentes, mas deveríamos ser mais autênticos na preservação dos nossos costumes e valores.

Edmilton Torres
Enviado por Edmilton Torres em 12/09/2015
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