Fetiches Imperiais

Segundo o professor Moniz Bandeira, historiador e cientista político, em 1948 o COMINT (Communications Intelligence), operado pela NSA (Agência Nacional de Segurança) dos EUA, e o Government Communications Headquarters (GCHD), da Grã-Bretanha, “firmaram um pacto secreto conhecido como UKUSA (UK-USA) – Signals Intelligence”. Tratava-se de providência destinada ao aperfeiçoamento da coleta de “informações sobre o desenvolvimento científico e tecnológico de outros países”, aliados ou não.

Como se vê, as revelações de Edward Snowden, que hoje assumem um caráter bombástico, coincidem com procedimentos que não chegam a ser novidade.

Os impérios modernos, ainda que com os mesmos objetivos de dominação, expansão territorial, subjugação de povos menos desenvolvidos, escravismo, etc. diferenciam-se dos impérios da antiguidade pelo "modus operandi".

Contando praticamente com bases militares em todo o mundo – enquanto nenhum país do mundo possui uma base militar nos EUA –, as Forças Armadas americanas empenham-se muito mais na intervenção em outros países que na defesa de suas fronteiras.

Em seus 236 anos de existência, o Império Americano esteve em guerra durante 212. Hoje “necessitando de guerras para manter sua economia em funcionamento, evitar o colapso da indústria bélica e de sua cadeia produtiva, bem como evitar o aumento do número de desempregados e a bancarrota de muitos de seus Estados”.

Não possuindo qualquer característica industrial e o conhecimento de sofisticadas formas de tecnologia da informação, os impérios da antiguidade tiveram que se valer de outros meios para o alcance dos mesmos objetivos.

No entanto, assim como os antigos, é possível que os impérios atuais acabem desaparecendo da mesma forma. Isto é, a queda – proporcional talvez à rapidez do avanço tecnológico, que aumentou a velocidade do tempo – deverá ser decorrente de desajustes internos de toda ordem, sobretudo a econômica. Num mundo que se habitua cada vez mais a reconhecer no capital a solução e explicação para todos ou quase todos os problemas da vida. Como se habitua também com o fato de que a solução, se for encontrada, jamais será para todos.

Rio, 02/02/2015

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 23/10/2015
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