Mudança de época

Houve um tempo em que ser desquitada era mais um terrível problema para a mulher. Dentre os muitos que havia, como não poder votar, não poder exercer qualquer tipo de profissão, não poder fumar em público e outros. Talvez uma menina de 15 anos hoje não tenha ideia disso, mas quem tem 65 certamente saberá do que falamos.

A mulher dequitada automaticamente perdia a confiança e amizade de amigas casadas, que temiam perder o marido. Como ser convidada para um aniversário de família quem não tinha marido? Será que ela pode roubar o meu? E mesmo que a mulher desquitada viesse com seu novo companheiro, o preconceito permanecia. Não se acreditava muito naquela relação. Além do apressado julgamento machista, tipo “trata-se de uma p...”

Claro que isso tinha muito a ver com aquele ensinamento pré-histórico ou ultrapassado da igreja, segundo o qual “o que Deus uniu ninguém pode separar” ou ainda, “juntos até que a morte os separe”. Frases que talvez ainda hoje constem da cartilha que o padre é obrigado a citar durante a cerimônia do casamento. Coisas que emanam diretamente do Vaticano.

Felizmente houve alguma mudança. Pode ter prosperado a relação entre a mulher desquitada e o companheiro que ela trouxe há muitos anos, surpreendendo a quem não acreditou naquela mudança. Por outro lado, atualmente já não há nem mais desquite. As mulheres simplesmente se divorciam. Talvez até com tanta frequência quanto se casam. Numa atitude inteiramente “contrária” ao que Deus determinou. O que prova que Deus, na verdade, nada tem a ver com isso. Trata-se muito mais de coisas dos homens. De novos costumes.

O que, a propósito, não contribui para a dissolução da família. Quando sabemos da possibilidade de uma criança ser criada por casais do mesmo sexo.

Essa conscientização, se podemos assim dizer, é importante para que se perceba a inconsistência de certos julgamentos. Que se prevalecem em determinadas épocas, podem perder inteiramente o sentido em outras. Sendo desejável, portanto, “botarmos as barbas de molho” diante de certas situações cujo aspecto importante nos obrigue a um posicionamento de que depois não venhamos a nos arrepender. Isso na eventualidade de passarmos de uma época a outra. Ou na mesma, e à toda hora.

Rio, 07/05/2016

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 08/05/2016
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