O que fazer com psicopatas?*

Provavelmente algum dia você encontrou com uma pessoa com este tipo de transtorno. Não é fácil de identificar, mas algumas coisas podem nos ajudar a desconfiar e decidir se vale a pena arriscar ou não em manter relações com tais pessoas.

Primeiro é importante ter em mente que vergonha e culpa não são sentimentos que psicopatas possuem. O que não impede que ele mintam ou finjam muito bem estes sentimentos. Então estes limites que pessoas normais possuem no seu dia a dia, não representam limites internos para estas pessoas. Elas no máximo vão evitar serem estranhadas por não terem estes sentimentos, mas eles em si não representa um freio a suas ações.

Estas pessoas não aceitam punições, mesmo que sejam merecedoras. Elas não conseguem sentir vergonha ou culpa de terem feito algo errado, logo não entendem por que estão sendo punidas. Por isto elas tendem a ser vingativas contra quem as coloque no lugar, porque para elas ter limites aos seus desejos e ações é algo sem sentido quando estes limites são de ordem ética e moral.

A perspectiva de um psicopata ao ser punido ou limitado em suas ações é a mesma de uma pessoa normal ao ser tolhida sem um motivo moral ou ético para isto. Imagine que alguém te puna e a razão disto não seja compreensível para você, não ficaria com raiva?

Não há como ensinar estas pessoas a terem culpa ou vergonha. Mesmo que eles conheçam as regras vigentes, elas não tem sentido moral para eles.

É possível ver tais pessoas defendendo questões morais e éticas com muito ardor, o que faz muitas pessoas se enganarem quanto a eles. Mas é preciso observar que eles podem estar defendendo tais questões por que se beneficiam diretamente da obediência a elas.

Segundo, desconfie quando a pessoa faz questão que seu charme, talento, oratória, riqueza sejam mais percebidos aos conhecidos e colegas do que sua subjetividade. Note que os valores, sentimentos e fraquezas nunca são assuntos a não ser de forma estereotipada.

Terceiro, você pode estar analisando uma pessoa destas e na verdade ela já pode estar percebendo que você desconfia, pois desde a infância elas vivem o ciclo de dissimular, enganar e escapar das consequências. O olhar de desconfiança e descrédito é familiar a elas. Quanto menos diálogo melhor, afasta-se de forma a não dar chance de ter que se justificar - o menos e simples é mais nestas situações.

Quarto, nem todas podem representar uma ameaça física, mas podem te envolver em tramas e mentiras que podem te prejudicar moral ou profissionalmente. É preciso estar atento, se você for uma ameaça para elas, elas vão querer neutralizar esta ameaça. Seja te desmoralizando, para que ninguém acredite em você, seja te prejudicando e fazendo os outros te responsabilizar pela vingança dela.

A máscara de um psicopata cair, com evidências claras, é a pior situação que eles podem enfrentar. É o momento em que vão ficar acuados e o momento em que vão se tornar mais perigosos. Isto por que vão tentar fazer os outros acharem que você é que é uma pessoa má, tentará te desacreditar e pode ter certeza que fazem isto melhor que uma pessoa normal.

Quinto, estas pessoas sabem que não são bem aceitas quando os outros percebem quem elas são. Elas aprendem isto principalmente na infância e na perspectiva da reprovação dos pais. Então clareza e jogo limpo é um problema para estas pessoas, já que precisam se esconder para serem aceitas.

Dissolver o disse-me-disse, as conversinhas e tratar diretamente com as pessoas seus problemas ou não tratar cria um ambiente pouco favorável a manipulação. Se você é uma pessoa que não fala mal dos outros, não prejudica ninguém e quando tem problema trata diretamente com a pessoa, será difícil um psicopata jogar as pessoas contra você.

Sexto, o brasileiro tem mania ter intimidade fácil com qualquer pessoa. Isto é um problema, por que intimidade te expõe as fraquezas, invejas, dificuldades. Intimidade é coisa pra quem merece e pra quem mostra ser digno de confiança. Troque a intimidade gratuita e excessiva pela cordialidade, pela honestidade, pela sinceridade quando ela for solicitada.

Sétimo, não veja o psicopata como um demônio. A maioria deles não chega ser violento. Entenda que ele tem uma limitação que o impede de sentir culpa, vergonha ou remorso. Embora eles costumam a ser mais inteligentes que a média, lhes faltam o que chamamos de inteligência emocional. Capacidade de empatia, de compreender e vivenciar as emoções dos outros.

Oitavo, seres vulneráveis ou sem um valor social ou econômico reconhecido deixam os mesmos sem uma razão de ser para o psicopata. Pessoas ingênuas, idosos, com alguma deficiência, pequenos animais, crianças, pessoas de classe mais baixa que a dele podem ser alvos de algum tipo de violência por parte deles. Pois não tendo um valor social ou econômico reconhecido por ele, o mesmo tende a tratá-los como objetos inúteis e não veem razões para usá-los e abusá-los deles.

Nono, qualquer pessoa já sentiu raiva ou ódio. O que nos impede de agir impulsivamente são os freios internos morais, que nos fazem pensar sobre nossa responsabilidade e sobre como nos sentiremos se nos verem agindo de forma errada. O psicopata não tem este freio e por isto seus acessos de raiva e ódio sempre parecerão desproporcionais a situação que os desencadeou.

Décimo, em geral o que desmascara o mentiroso é a vergonha de ser descoberto, o medo das pessoas desconfiarem, medo da reação das pessoas ao te identificarem como mentiroso. O psicopata não tem estes limites emocionais. Por isto não terá desconcerto ou pouca espontaneidade na hora de mentir. É mais fácil um tímido passar por mentiroso do que um psicopata. Então somente fatos e contradições podem indicar que ele está mentindo - a ausência de qualquer vergonha, medo ou culpa ao ser desmentido é um dos fortes sinais da psicopatia.

Décimo primeiro, todos sentem desejos e vontades, mesmo que estas não sejam moralmente aceitas, como buscamos a aprovação moral das pessoas procuramos atender estes desejos de formas socialmente aceitas ou reprimimos esta vontade. Para o psicopata, este desejo de aprovação é sinal de fraqueza e algo sem sentido - a não ser no aspecto utilitarista que isto possa ter.

Ele não teria razão nem pra buscar uma forma socialmente aceita e nem pra reprimir estes desejos - a não ser por razões pragmáticas. O que implica que não terá forte controle sobre estes desejos e vontades.

Então as pessoas surgem no horizonte do psicopata ora como meios de realizar estas vontades e desejos e ora como uma barreira a ser transposta. A pessoa que não for mais útil pode ser facilmente deixada de lado e desprezada e aquela que oponha resistência será vista como um muro entre ela e seu prazer pessoal.

Para concluir, procure ter certeza antes de tomar qualquer atitude. Não discuta suas desconfianças com o possível psicopata, nunca faça isto. Busque informações profissionais, procure ajuda de um psicólogo se desconfia que pode estar se envolvendo com uma pessoa destas.

*Não sou psicólogo ou psiquiatra. O texto é simplesmente para compartilhar percepções e vivências. Se quer aprofundar o assunto recomendo o livro "Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado" da psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva. O livro trata de forma muito didática estas questões.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 26/08/2016
Código do texto: T5740229
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