Que tão suja história, as tenazes apertando a carne, rasgando, cortando a pele tirando dos anjos a vida já sem vida nos corredores da morte, empalando, inquirindo o inquisidor em meio a gemidos perdidos nos porões do medo, que vergonha, meu Senhor, lembrar de tão imunda história.
Nas confissões ao pé da brasa, ali, bem debaixo do sol, tornando a tortura um espetáculo; impiedosa, impiedade varando toda a tarde, varando o corpo, adentrando a noite até o silêncio triste da madrugada, onde ouve-se o chorar do menino, lágrimas misturadas ao sangue dos entes queridos nos porões sagrados, cheios de falsa fé, cheios do clero maldito que se diverte queimando os últimos restigios da memória. E eis que chegavam, traziam facas, serrotes, serras, prontas forcas, martelos, alicates, pregos, mentiras nos livros e livros mentirosos e outras coisas de dor, de doer, de fazer sofrer, para cheios de graça o espetáculo de horror começar. Ó malditos desejos em nome do Senhor.
De repente, na vulnerabilidade da noite, batem à porta, entram, arrastam os inocentes penitenciando-os, são mortos, sucumbidos aos prazeres hediondos de seus algozes, Alguazils emissários que a todos levam ao trono da morte. Ó miseráveis sem punição, nefário espetáculo dos demônios da Inquisição.
Mário De Oliveira RSA
Enviado por Mário De Oliveira RSA em 13/10/2016
Reeditado em 13/10/2016
Código do texto: T5790651
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