Dinâmica darwiniana

Os estudos de Darwin sem dúvida influenciaram o homem moderno. Sobretudo no que diz respeito à preponderância, que seria natural, dos seres mais fortes sobre os mais fracos. Ainda que os mais fracos não estivessem ou estejam de acordo. É natural, portanto, que um grupo de leoas ataque um indefeso bezerro para saciar sua fome. Como qualquer predador. Ou então para o treinamento de seus filhotes para a sobrevivência. Mas não é menos natural que os pais do bezerro se reúnam e eventualmente ponham os covardes leões pra correr. Muitos logo se apressarão em dizer que predadores não são covardes.

Basicamente são considerações desse tipo que levam à afirmação de que "os árabes não têm direito ao petróleo que por acidente geológico aconteceu de se encontrar sob seus pés". Como afirmou Walter Laqueur, historiador e comentarista político, em 1973, ao dizer que "o petróleo do Oriente Médio deveria ser internacionalizado, não para o favorecimento de algumas poucas companhias de petróleo, mas para o benefício do resto da humanidade". Sabendo-se que por internacionalização deve-se entender "o controle dos EUA e seus clientes (enquanto mantenedores ou protetores do Estado de Israel)". E por algumas companhias de petróleo deve-se entender "as indignas companhias árabes".

Também sob o mesmo raciocínio darwiniano, considera-se "injusto que valiosos recursos fiquem em mãos de povos sem importância enquanto deles necessitam homens ricos que mandam no mundo". E ainda a afirmação de que "os ineficientes e miseráveis mexicanos não têm direito algum de controlar os destinos de suas ricas terras".

Foi o que levou, como último exemplo, na virada do século (19/20), o oficial estrategista da Marinha dos EUA Alfred T. Mahan, conhecido por sua devoção aos valores cristãos, à argumentação de que "os direitos naturais às coisas deveriam ser modificados quando se referissem a nações ineficientes como a China, sendo administrados de forma a garantir o amplo direito do mundo aos recursos que ficassem ociosos ou inaproveitados".

Considerando-se que é essa ainda a dinâmica do pensamento ocidental e que possue o Brasil as maiores reservas de água doce do mundo, além de raros minerais, como o nióbio, e reservas de outros, como a bauxita, o manganês, etc., ainda não esgotadas totalmente, devem nossas autoridades e o povo estar precavidos contra a cobiça de nações mais potentes e desenvolvidas que queiram dessas riquezas se apropriar, sob o pretexto de ser para o benefício de toda a humanidade. Desde que sob o controle e administração deles, que se julgam com maior competência para isso.

Rio, 14/12/2016

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 14/12/2016
Reeditado em 16/12/2016
Código do texto: T5852872
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