Os índios das ruas

A questão do bárbaro crime cometido contra o Índio (Luiz Carlos Ruas), ambulante numa estação do metrô paulista, vai um pouco além das habituais e covardes agressões que têm por vítimas pessoas do segmento LGBT, moradores de rua, indivíduos vivendo abaixo da linha de pobreza e excluídos em geral. O problema se prende ao verdadeiro sistema de impunidade que beneficia os criminosos, sejam eles responsáveis por crimes comuns ou de colarinho branco, como os dos nossos políticos de todos os partidos noticiados quase todo dia.

Após as inequívocas gravações, comprovando a barbárie, como no presente caso, surgem logo os advogados... e o processo certamente durará anos, ao fim dos quais os criminosos serão libertados, sob os mais diversos motivos, sem terem cumprido talvez 1/3 da pena. Quem perde é quem morre.

Se os agressores fossem rapidamente punidos com prisão perpétua, por exemplo, face ao assassinato de uma pessoa comprovado por imagens exaustivamente mostradas na TV e o número de testemunhas, crimes de morte dessa natureza estúpida talvez se tornassem menos frequentes. Mas não sendo o que ocorre, os assassinos sabem que podem inclusive não ser incriminados. Como no caso em questão, em que um dos criminosos tem a desfaçatez de pensar em responder em liberdade pelo delito. E em que o advogado prepara-se para alegar "defesa própria" por parte dos agressores, apesar das fortes cenas de covardia mostradas na TV. Dois brutamontes jovens agredindo uma pessoa indefesa e mais velha e o advogado deles alegando ter sido em defesa própria. Só se pensa nesse tipo de estratégia porque vivemos num país em que ela pode dar certo.

A propósito, como ficou o caso do índio, índio mesmo, que incendiaram em Brasília? Que fim levaram os criminosos? Parece que um deles se formou em medicina e está há muito arrependido. De ter optado por ser médico.

Rio, 28/12/2016