TEMPO DOS NAMORADOS

TEMPO DOS NAMORADOS

O verbete namorado ou namorada já teve uma conotação mais romântica. Hoje é um sinônimo de amante, tanto que a televisão cunhou a expressão “namorido” que é a justaposição de namorado com marido. Vejam aonde as coisas chegaram! Mas o fato é que estamos às vésperas dessa data que, se não tem o glamour do passado, pelo menos, por conta dos apelos comerciais da mídia, não passa em brancas nuvens. Os namoros hoje são mais expressos. No passado, uma jovem que não se deixasse beijar no primeiro encontro talvez não tivesse a chance de um segundo. Hoje mudou. Se não foram para a cama de saída, é bem provável que não ocorra outra oportunidade.

Moralmente, esse tipo de comportamento não tem o menor respaldo ético, mas nem por isto deixa de ser um quase costume entre a maioria dos jovens de hoje. Eu falei em maioria, mas não em totalidade, pois tem muita moça séria, virtuosa que cultiva a moral que brota da formação familiar e religiosa.

Pois eu sinto saudade dos namoros antigos! Um presentinho, como uma caixa de bombom, um par de meias, um perfume ou alguma coisa que fosse romântica e ao mesmo temo prática. As moças davam gravavas e abotoaduras. Quem usa isto hoje? No passado a gente festejava o “dia dos namorados” indo ao cinema, fazendo lanche ou ficando em casa escutando música.

Hoje a gurizada é muito menos – para não dizer nada – romântica e, quando não vão ao motel ou coisas do ramo, ficam em casa vendo novela ou fazendo coisas corriqueiras, como comer pipoca ou cortar as unhas dos pés, ignorando a magia da data.

O pessoal mais velho, mais rodado, de poder aquisitivo melhor, leva a “namorada”, efetiva ou temporária, para jantar em um lugar descolado, onde a luz das velas e o som da música ao vivo dão o toque charmoso ao ambiente e à circunstância. As conversas têm o tom íntimo do processo de conquista que nunca se extingue, iluminadas pela mão-na-mão e pelos olhos-nos-olhos, no desfrute de sensações mágicas e românticas. O bom vinho dá um toque aquecedor à noite fria... Os presentes acompanham a sofisticação das posses e a disponibilidade do cartão de crédito, e vão desde perfumes importados, a bebidas de bom-gosto, gravatas italianas e, dependendo do grau de envolvimento, até jóias. Para as pessoas de bom gosto, o dia dos namorados é precedido de uma invulgar expectativa.

Para quem precisa simplificar, um jantarzinho doméstico, à beira do fogão, com um vinho nacional e olhos repletos de alegria, tem o mesmo efeito. Importa lembrar que sempre é tempo de namorar...

filósofo e escritor