Vamos falar de Bolsonaro.

É imensamente importante refletir e perceber quem é Bolsonaro!

Jair Messias Bolsonaro, é deputado federal há três décadas, ocupa o legislativo desde sempre e se lhe pergunta-se algum tempo atrás se teria pretensões presidenciais o mesmo diria que não. Mas, porque de repente o então deputado esquecido, minúsculo da Câmara Federal se tornou um dos presidenciáveis com maior conotação nesse instante? Lembrando que, o mesmo atualmente de acordo com a ultima pesquisa Datafolha se consolida em segundo lugar na corrida presidencial, demonstrando que não é apenas um factoide, que se tornou realmente uma ameaça como denomina a reportagem de capa da Revista Veja desta última semana.

Alias, é após a divulgação desta pesquisa que a imprensa tradicional brasileira passou a analisar o Bolsonaro como um político de extrema-direita que trás consigo um potencial eleitoral considerável, pelo menos até o momento, deixando de lado aquela representação alegórica que havia sobre o mesmo. Isso é claramente um sinal de que Bolsonaro incomoda, e não apenas os políticos dos quais terão como adversários, mas incomoda principalmente a estabilidade democrática brasileira, como própria cita um estudioso americano que disse recentemente que “Bolsonaro não esta pronto e não possui competência para se colocar perante um debate democrático”.

Mas afinal, o que coloca Bolsonaro nesse patamar político? O que faz um político até então minúsculo com um discurso extremamente conservador e racista ocupar esse posto que possuí até então? Essas perguntas começam a ser feitas por todos, e as respostas são bem simples, em um momento de crise política institucional e com agravante econômico a sociedade, principalmente elementos da classe média alta, deixam de lado até mesmo os princípios democráticos e se agarram em discursos no quais são vistos por este estratagema social como solução imediata, algo totalmente perigoso e a história já nos narra fatos semelhantes e que o resultado não foram os melhores, inclusive para classe média.

Primeiro ponto ao analisar o Bolsonaro eleitoralmente é preciso ver quem vota realmente nesse político, e a pesquisa Datafolha mostra que o deputado hoje possuí a sua maior margem de votos entre jovens do sexo masculino entre 24 a 32 anos e com renda acima de 5 salários mínimos, ou seja, ricos que não aceitam a situação que o país vive, mas que principalmente não se conformam com ganhos sociais das demais classes abaixo, outro fato interesse nesse cenário é perceber que esses que englobam a maior parte do eleitorado do Bolsonaro não viveram diretamente o período da Ditadura, fato que demonstra que os discurso ultrarradicais e ufanistas não importa, o que vale é sim ver “Bandido bom é bandido morto”, a democracia e o Estado de direito que se anulem, que entrem em concepção de inexistência.

E os militares, o que acham do Bolsonaro? É bom dizer que o deputado é capitão da reserva do exército e sempre foi considerado dentro das forças armadas o oficial de desordem, mas diferente do que parece e apesar de pregar e defender os princípios cruéis da Ditadura Militar os militares não possuem uma unanimidade em torno de Bolsonaro, o mesmo até tem certo apoio dentro de a estrutura militar, mas isso se resume a militares de baixa oficialidade, ou seja, o auto comando das forças militares não veem Bolsonaro como um representante político, pelo contrário, para muitos o senhor deputado é visto como um homem de “declarações que extrapolam a legalidade e são explicitamente racistas, discriminatórias se tornando inclusive algo que se remete a incitação ao crime”.

Outro elemento interessante é colocado pela Revista Veja claramente, quando a mesma cita Bolsonaro como “a maior ameaça que o Brasil já enfrentou no atual ciclo democrático”, e isso não é apenas pelo discurso ultraconservador que o mesmo prega, analisem o Bolsonaro politicamente, o mesmo em mais de 30 anos como deputado nunca deve um partido fixo, ficou passando de “galho em galho” até caindo no antidemocrático e não laico, PSC (Partido Social Cristão), mas é bom lembrar que hoje Bolsonaro flerta com o Patriotas, partido recém-criado que almeja lança-lo como candidato, é aqui que mora literalmente o perigo contra a democracia, pois, em um partido minúsculo e acusando todos e a todas de corrupção, o mesmo se for eleito (algo que não esperamos) não teria governabilidade, já que, em um regime democrático pluripartidário alianças fazem parte do jogo, e quem se colocaria dentro de uma aliança que remete a Ditadura Militar? Sem governabilidade, o governo de Bolsonaro ficaria ameaçado politicamente desde primeiro instante, o que geraria uma crise institucional maior que podemos imaginar e isso poderia colocar fim no Estado Democrático literalmente.

E por que isso coloraria o país em um estado de colapso? Simples, pelo fato de como não terá apoio político o mesmo poderia sofrer retaliações e até mesmo um impeachment com totalidade do Congresso, e mais um impeachment a esta altura não seria nada agradável para o nosso estado democrático, ou seja, vitória de Bolsonaro não significa diretamente a sua governança.

É por estas e outras concepções que, Bolsonaro não pode ser de longe visto como solução possível, a solução política passa pela estabilidade da democracia e a continuidade de um processo político que recoloque o Brasil em ciclo do desenvolvimento que há pouco tempo vivenciou.

Gonçalves B G G
Enviado por Gonçalves B G G em 14/10/2017
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