A intervenção no Rio.

Quando presidente Temer juntamente com a cúpula política do Estado do Rio de Janeiro declararam a Intervenção Federal na segurança pública foi possível ver diversas pessoas comemorando o feito, principalmente nas redes sociais sendo aclamada pelos defensores do discurso que a força neutraliza a violência e que isso demarcaria o “fim” do estado caótico que se remete ao Rio de Janeiro.

As pessoas talvez não possua o real conhecimento sobre o fato e que a realidade é totalmente distinta daquilo que comemoram nas redes sociais.

Então vamos falar sobre a intervenção! Quem chega à cidade do Rio de Janeiro sobre o status de intervenção deve imaginar que hoje a cidade mais famosa do país está sobre um principio de vigilância total, que é possível ver soldados do exército brasileiro fazendo a segurança dos cidadãos cariocas e dos milhares de turistas que vivenciam a cidade diariamente, que os tanques do exército são vistos nas ruas como símbolo máximo da segurança. Mero engano!

A intervenção federal que hoje se encontra no Rio não é algo complexo que se estende por toda cidade maravilhosa, não. A intervenção é na sua essência uma ação social, pois a mesma só aflige e massacra aqueles que vivem nas comunidades. Como se diz, esta intervenção é só para “preto, pobre e favelado”, o que demonstra a sua postura de segregação.

Nos primeiros dias das ações intervencionistas comandadas pelo exército não se viu nenhuma movimentação dos mesmos em locais onde a elite prevalece, ou alguém que esteja no Rio viu forças de segurança fazendo a vigilância da Zona Sul nas avenidas beira mar de Copacabana e Ipanema? Não, não se viu isso. O que se viu foram ações preconceituosas que demonstra um caráter horrendo desta operação, que tratam crianças de comunidades como fossem todas criminosas ao serem abordadas ao caminho da escola. É uma ação que coloca o cidadão da favela, esse sim, em estado de vigilância, pois o mesmo passa por um pente fino ao serem registrados para identificação como todos ali fossem cidadãos da criminalidade.

O preconceito é tão claro que podemos citar o exemplo da judoca e medalhista de ouro Rafaela Silva, que em tempos de intervenção viveu na pele o que podemos chamar de preconceito institucional ao ser abordada por soldados do exercito em um táxi e ouviu dos militares a seguinte colocação: “Paramos pelo fato de acharmos que tinha pegado ela na favela”! Isso não seria preconceito?

E a violência, será que vai realmente ser eliminado nesses meses de intervenção? Será que com caráter de segregação essas ações realmente serão direcionadas dentro do imaginário que os mesmos defendem?

Talvez o Rio precise passar por esta intervenção para que o cidadão possa ver que violência não será combatida jamais com ações preconceituosas e repressivas, a violência é fruto do próprio ser humano e isso já faz dela algo impossível de ser eliminada.

Então, o que fazer para neutralizar a mesma? O primeiro passo é levar o Estado na sua configuração social para as zonas periféricas dos centros urbanos, pois nesses locais o Estado só se faz presente com seu aparato de repressão.

Ou seja, o que realmente se faz necessário é uma intervenção social que atenda as necessidades de todos os cidadãos, que ofereça aos mesmos condições sociais de se viver plenamente em harmonia social.

E claro, eliminar o combustível da criminalidade, o tráfico de drogas e o único passo para isso é desde já começarmos nos brasileiros a debater juntamente com as instâncias de poderes a descriminalização e a legalização das drogas, pois como sabemos isso não será um ato que se fará do dia para noite, mas sim, construído a partir de um debate político social que crie bases para em um futuro termos condições de tirar das mãos dos criminosos o seu principal fator de financiamento.

Enquanto isso, o que podemos analisar que esta intervenção trará como único efeito imediato o massacre social, a construção de um cenário de “apartheid” brasileiro.

Gonçalves B G G
Enviado por Gonçalves B G G em 26/02/2018
Código do texto: T6265224
Classificação de conteúdo: seguro