A TELA DA VIDA

A vida é uma pintura que não permite croqui desde o alfa até o ômega dos dias. O que é desenhado na tela da vida não pode ser apagado. Não é possível bosquejar. Por isso, é preciso montar o projeto de vida de modo a deixar claro o sentido que se pretende dar à vida, embora os objetivos planejados nem sempre produzam os resultados que se espera devido à influência de um conjunto de forças socioeconômicas e políticas incontroláveis pelo indivíduo, ao qual a Sociologia denomina de superestrutura. Uma coisa é o que se quer fazer; outra é o que se pode fazer. Antes de colocar o projeto de vida em execução, convém refletir atentamente sobre os meios disponíveis para conduzi-lo de maneira eficaz, sem desviar a atenção dos pormenores mais importantes para que chegue ao resultado final com algum mérito, ressaltando em cada etapa o alcance e as consequências que dele possam eventualmente advir. Neste sentido, pode-se dizer que a vida é um processo de conhecimento das habilidades pessoais em face do padrão de vida que se deseja alcançar na sociedade. Em outras palavras, a vida pode ser vista como um processo contínuo de autoconhecimento.

"A principal tarefa do ser humano nesta vida consiste em dar à luz a si mesmo", afirmou o psicanalista alemão Erich Fromm. Cumpre assim assinalar que, inicialmente, é necessário à pessoa conhecer-se para, então, aprimorar as aptidões que lhes são próprias a fim de tornar-se capacitada para conquistar a condição existencial que melhor lhe convier dentro das regras de convivência estabelecidas e cobradas pela sociedade politicamente organizada. A vida é uma provação na qual um erro pode ser fatal. Não há uma segunda chance. No mundo quadridimensional ao qual estamos vinculados transitoriamente, o vetor tempo não retroage. Uma pincelada equivocada na tela da vida é definitiva, embora, dependendo da sua gravidade, não suprima toda a beleza imprimida na pintura. No afã de evitar a ideação de uma imagem imperfeita da realidade interior do indivíduo, torna-se necessário, antes de colocar em execução o projeto de vida, comparar o elemento subjetivo (teoria) com o elemento objetivo (prática). Portanto, na tomada de decisões, é imprescindível a reflexão a fim de identificar as noções irreais que o homem possui das suas habilidades pessoais que vão de encontro às possibilidades de concretização existentes na realidade exterior. As oportunidades existem, mas é preciso estar preparado psicologicamente para aproveitá-las no momento oportuno. Como declarou o icônico cineasta Charles Chaplin: "A vida é uma peça que não permite ensaio".

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 13/03/2018
Reeditado em 14/03/2018
Código do texto: T6279065
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