A qualidade do jornalismo em pauta

A informação é um direito. Estar bem informado é fundamental para planejar a vida. Daí a importância do jornalismo no contexto social. E não é somente estar informado, mas ser bem informado. Ter conteúdo para refletir; ponderar e decidir sobre os temas que influenciam o cotidiano. Por isso se faz necessário pensar sobre a qualidade do jornalismo. O que inspira o texto; a matéria; o veículo e quais interesses podem incidir no produto informativo? E a pergunta mais importante: O que pretende provocar no receptor?

Com o desenvolvimento tecnológico dos últimos anos e o acesso as redes sociais, o fluxo informativo alcança um numero incalculável de pessoas numa rapidez que foge do controle. Porém, até que ponto a qualidade da informação acompanha a necessidade social?

Jornalismo independente. Utopia?

Ser independente é por definição o que age com autonomia, mantém-se livre de qualquer influência... E tal prerrogativa é fundamental para o bom jornalismo. Pelo menos é o que se aprende nas faculdades de comunicação. Mas, e na prática como funciona? Scientia potentia est é uma expressão em latim, atribuída a Francis Bacon, que significa conhecimento é poder; se de fato é assim estar constantemente bem informado, desenvolveria a mente critica, e a mente critica não é que sabe, mas a que tem a curiosidade de problematizar o fato. Quem questiona; investiga; duvida... Quer saber além da aparência. E o jornalismo, não o bom jornalismo, é o instrumento social de problematização do óbvio e pra que haja a realização do processo comunicativo, é fundamental que seja livre. Mas, é o que lemos; ouvimos; assistimos, qual impressão nos causa? Independência? Ou partidarismo ideológico? No caso brasileiro, desde o Brasil Colônia, ao longo do Império e mesmo com a proclamação da República o jornalismo sempre esteve atrelado de alguma forma ao estado, como exemplifica Venício Lima, no artigo Existe jornalismo independente? Publicado no site Observatório da Imprensa, em 26/05/2009: “Esta interdependência se materializa através de subsídios, empréstimos bancários e financiamentos oficiais; de isenções fiscais, publicidade legal obrigatória ou publicidade oficial e, mais recentemente, até mesmo pela compra volumosa – e sem licitação – de material didático. Por óbvio, essa interdependência histórica, muitas vezes fez com o jornalismo se submetesse aos interesses do Estado, sobretudo nas relações da mídia regional e local com os governos estaduais e municipais”.

Na atualidade podemos evidenciar que há outras ameaças à autonomia do jornalismo além do Estado: O Poder econômico; grupos empresariais dos quais alguns grupos de mídia fazem parte. Tal realidade pode, inclusive, impor regras formuladas que interferem diretamente no trabalho dos jornalistas. Assim como as oligarquias políticas, detentoras da maioria das concessões de rádio e televisão, mesmo sendo proibido pela Constituição de 1988.

E você?

Não dá pra viver sem informação, mas dá pra ser parcial. Há como ser seletivo. Há como identificar as influencias da informação e se o produto jornalístico está adulterado.

Controle as emoções. É muito comum se deixar levar pelos preconceitos e concordar com o que entendemos por certo ou aceitável. Mesmo que seja um tema que corresponda as suas opiniões, valorize sua capacidade de reflexão e permita-se no questionamento do óbvio. Busque outras versões; Observe de todos os lados da noticia foram ouvidos e finalmente... Seja crítico e pondere sobre os fatos e a narrativa. A notícia deve provocar o debate e não direcionar o pensamento aguçando os desejos.