Violência doméstica: onde estamos nós?

Tomar uma atitude é sempre difícil. Ela sempre vai extrair o pior que há em nós. Seja de nós mesmos ou que depositaram em nós ao longo da nossa vida.

Quando uma mulher é violentada por um parceiro denunciar não é a primeira atitude que ela quer tomar. Vai expor o seu lado fraco e feio. Vai expor sua ferida aos amigos a família.

Esse fracasso não é sempre no sentido familiar, é seu próprio fracasso. Porque não conseguiu dizer a ninguém quando aquilo começou. Porque sua mente nunca conseguiu enxergar que aquilo que vivia não era normal. Que isso não é amor. Por mais que sempre essa mulher vai te responder ao ser perguntada sobre o amor. Sim ele me ama da forma dele.

A forma dele amar é prender, matar emocional e destruir sua estima. Mas ela vai também te dizer que ele é bom quando está bem consigo mesmo. Que não deixa faltar nada.

Falta sim. Falta te respeitar, falta te honrar e falta ar pra você respirar. Falta cuidado pra você sentir amada, protegida.

Uma atitude do homem violento que pouco conhecemos é a certidão de casamento. Pra ele é uma certidão de posse, como os bens que ele adquiriu. Ela é dele e não pode nem será de mais ninguém. Mesmo que seja a família da mulher e os filhos. Ninguém mais poderá usufruir de sua companhia. Ela faz e fará somente o que é pra servir a ele.

Se ela fizer o que o faz feliz a casa estará sempre em paz. Já que a presença dela na casa DELE É pra fazer suas vontades. Ele sempre sabe o que é melhor. E como é o sustento de tudo ele não pode ser contrariado.

Infelizmente não estou te falando apenas de mulheres fracas financeiramente nem de conhecimento adquirido. Estou falando de mulheres grandes no trabalho e na comunidade. Mas que dentro de suas casas são escravas da Violencia doméstica.

Tem agora uma campanha que estou gostando de ver sua diceminação. " Em briga de marido e mulher tem que meter a colher".

Pais por favor, ao menor sinal de tristeza, sumiço de sua filha de visitas, netos arredios procure ajuda a ela.

Não deixe chegar ao ponto de prisão de alma.

Uma pergunta que nunca cala é porque essa mulher volta a convivência quando ela sai. Simples de resposta, porém complicado de compreender. Ele vai colocar na cabeça dela durante anos que ela sem ele não é nada. Ele tem uma estima fantástica. E isso vai refletir na dela. Essa mulher que sofre violência tem dificuldade de aceitar sua própria condição frágil. Então ele manipula ali. Ele a elogia quando precisa de mais espaço dentro dela e ela sede porque apareceu um pouquinho de amor na fala dele.

Quando ela sai de casa ele sempre chora. Dizendo que ela é o amor da sua vida. Que não vive sem ela. Mas nessa mansa fala está um coração cheio de planos sordidos de mais prisão.

Sua mansidão acaba quando ela volta e suas garras são mais profundas e mais afiadas.

O que as autoridades vão fazer pra afastar esse homem dessa família ainda é uma pergunta sem resposta. Mas precisamos descobrir mais rápido. Está cada dia piorando a situação. Que seja tirar o poder dessa certidão de casamento. Escrevendo ali que ele não tem poder de posse em vermelho. (Você riu disso, mas não sabe como eles usam esse documento pra estuprar a esposa e a expôr ao fracasso emocional).

Tantos projetos de leis ridículos sendo votados e a mãe de muitos ainda sendo vítima de homens maus.

Me vem uma pergunta fria. Onde estão as feministas? Já deveriam ter se juntado pra fazer algo real. Onde estão as mulheres da lei que ainda não sentaram pra falar disso como nação. Onde estão os legisladores que se calam mesmo que haja dentro de casa. Cadê os padres, pastores, bispos que gritam na tv pela manhã e tem suas fiéis vítimas e são incentivadas a suportar porque um dia vai mudar. Mas não é na casa deles. Ou até deve ser e ainda não apareceu.

Onde estamos que ainda não conseguimos encontrar uma saída pra violência contra a mulher e seus filhos. Onde estão os filhos que não conseguem denunciar o pai.

Uma nação que se importa mais em correr atrás de futebol, gasolina e rede social ainda não sabe o que a mulher passa dentro de uma casa violenta.

Uma delegacia de mulheres que fecha às dezoito horas e só reabre as oito do outro dia não sabe o que violência contra a mulher.

Precisamos nos juntar e encontrar uma saída antes que seja SUA Mãe FILHA E IRMÃ a próxima vítima do jornal das oito na tv.

Chega de tantos papéis acumulados em bolsas femininas e nenhuma atitude real e eficaz. Quem ama não MATA, NÃO PRENDE E NÃO SUFOCA. Quem ama deixa ir se necessário for. Porque só está junto quando há união e não divisão nem pavor ou medo.

Até a próxima...

Leticia Carrijo
Enviado por Leticia Carrijo em 27/09/2018
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