RESPOSTA DO PENSAMENTO: É PROIBIDO EXISTIR!

Como o fato entrou na minha casa me sinto no direito de responder num contra- ensaio.

Noite de descanso, hora em que a gente liga a televisão no final do domingo já quase segundona, justo naquela emissora que nos chamam carinhosamente de “assinantes”; eu, só a procura pelas últimas notícias do fim de semana e vejo lá um entrevistador, consagrado pela competência das entrevistas que faz, a nos trazer a apresentação duma obra literária, um livro ensaístico intitulado A CLASSE MÉDIA NO ESPELHO.

Literatura é bacana…então arrisquei...a despeito da intuição.

Daí,praticamente sabendo do que se tratava o assunto só pelo título, a gente logo deduz:

“Não li o livro e depois da apresentação e discussão aqui ocorrida obviamente que não vou lê-lo, porque já aprendi.”

Não por nada, com todo respeito, é que o assunto já sabido é enfadonho e cansativo, assunto que todo brasileiro minimamente pensante já saberia do que se trata.

Ops pensar como telespectador, eis o verbo proibido ali.

E para quem pensa…aquilo parecia era tortura, foi o que logo pensei.

Depois descobri que pensar é super perigoso…mesmo.

Eu poderia ter levado o controle remoto para passear mas resolvi ouvir uma boa parte da entrevista que era para ter certeza…do que eu ouvia. Não gosto de conclusões precipitadas e injustas.

Levei UM SUSTO com a rápida resenha disfuncional ali apresentada.

Discorrida a fala pelo próprio autor, um professor e sociólogo, ao menos aprendi com ele o que é, afinal, o termo tão vagamente usado “em vão” pelas horas da modernidade : AS“ ELITES”.

Ainda bem que a elite não é nenhum deus, senão seria um sacrilégio.

Só nesse ano perguntei sobre esse compacto conceito várias vezes aos entendidos sobre, ninguém me explicou com clareza. Inclusive um cientista político ficou bravo comigo e me mandou ler a bibliografia extensa sobre o assunto. Depois me bloqueou na rede. Tá bom, me perdoe...eu respeito o cansaço alheio.

Bom, de fato, super complexo.

Fica difícil para quem não é do ramo entender sobre a tal elite, peço desculpas se fui inconveniente por querer aprender o que os professores hoje não explicam.

Mas afinal, quem saberia me responder: quem é a nossa ELITE tão contestada desde sempre? A culpada de tudo. É singular ou é plural?

Seria eu, tu, você, ou seria nós, vós ou eles?

Quem é afinal o sujeito oculto da nossa ELITE?

E o predicativo do sujeito? Ou é uma ELITE sem sujeito?

Elite faz mal para o "stabilishement"? Ou é ela o prório poder? Sei lá...

Mas na explicação do livro-ensaio, eu logo aprendi, oba!-ao menos valeu eu ter prestado atenção na aula.

Aprendi e deduzi, como um bom aluno deve ser, ou deveria, lá atrás, quando professores eram abertos , davam o tema ao pensamento e se regozijavam com o salutar das múltiplas ideias dele.

Resumindo, SAIBAM e PASMEM: a ELITE somos nós, essa coisa miúda, parte da classe média, mas a não massificada, a que não detém o capital (claro, o capital sumiu do país!) mas detém o pensamento.

Quem teve o privilégio de ir à escola e ser incentivado a pensar, acreditam nisso?

Nossa, nunca me senti tão na moda do tal empoderamento…

Só que, segundo o que ouvi na tela, o pecado do pensamento da elite de hoje em dia é estar deturpado porque, subliminarmente, o grave problema do país é a injustiça social QUE NADA TEM A VER COM A CORRUPÇÃO, ali denominada de apenas um BODE EXPIATÓRIO da triste conjuntura social. A corrupção, portanto, foi ali minimizada do ponto de vista do nosso estrago social decadentemente deteriorado.

Somos uma elite pensante e equivocada, portanto.

Fiquei feliz e logo em seguida fiquei triste.É que alegria de elite sempre dura pouco...

Curiosamente, a despeito da injustiça social via corrupção ser indiscutível, inclusive a miséria crescente que dela advém a olhos vistos, haja vista ao olhar cuidadosamente ao lado, a elite que mudou o “status quo do pensamento político”, segundo a explicação, não tem consciência de que a corrupção não é causadora do nosso caos.

E se fosse…seria só um inexpressivo coadjuvante!

A ELITE, pelo que eu entendi, a CLASSE MÉDIA que está refletida no espelho do sociólogo, é quem estudou, teve família, tem alimento três vezes por dia, é quem trabalha e paga impostos e os fazem circularem via ICMS para pagar inclusive quem não ensina (ou não ensina) o que é elite em várias instituições públicas, a que faz o PIB do pais rodar o impostômetro aceleradamente, a medida que imperdoavelmente consome mais, mesmo a despeito do “pibinho” atual, claro, consequência indiscutível do tudo que levaram do país.

Mas o autor pensa diferente...da elite.

E o mais incrível e assustador, a ELITE OCULTA, segundo a explicação, faz algo imperdoável: ELA PENSA…E PIOR: AGE CONFORME O BOM SENSO DO PENSAMENTO.

Pelo que deduzi, que então: pensar é pernicioso ao meio.

Gente , não foi DESCARTES que pensou: “PENSO, LOGO EXISTO”?

Foi. Então parem de pensar imediatamente.

Porque deduzo que, NO BRASIL DE HOJE ,está DESCARTADO pensar…portanto, em tese : INEXISTIMOS. E mais ainda...

É PROIBIDO EXISTIR.

MUITO MENOS SER ELITE.

Está tudo muito bem explicadinho, caro sociólogo e escritor, aliás, nos mínimos detalhes.

Agora sim entendi. A dinâmica bate com o meio, e o meu Tico AINDA conversa com o meu Teco.

Todavia, peço licença para pensar só um último pensamento, eu prometo: penso, pela ultima vez das tantas vezes pensadas, em desistir da minha assinatura televisiva destinada à tal da elite massiva desprezível adjetivada de

“ pobre classe média pensante ”, a que não se enxerga no espelho das ideologias, obviamente.

Aliás, a tal elite é poderosa, afinal, a audiência hegemônica dela também depende para sobreviver…

Justo aquela telinha elitizada que há pouco tempo ensinava à elite que DIREITO NÃO É PRIVILÉGIO.

Nesse atual momento de BRASIL, sinceramente , se tal não fosse lamentável seria , no mínimo, falta de respeito até com a mais rasa irracionalidade.

Fica a qui o que penso.