Homossexual, um sujeito indeterminado?

Quando se toca no assunto da homossexualidade, faz-se necessário um apontamento histórico-social, pois cada sociedade reage de uma forma diferente quando a abordagem é essa. Um dos primeiros apontamentos feitos em relação à homossexualidade está descrito no livro sagrado dos cristãos, a Bíblia, mais especificadamente em Gêneses cap. 18 e 19. Neste caso, a grande relação está no caso de Sodoma e Gomorra, onde essas cidades foram destruídas pelo alto grau de promiscuidade praticado nesses locais. Um dos principais pontos é quando Ló e alguns homens tentavam ter relações sexuais com os anjos enviados por Deus. Sobre isso, há controvérsias, todavia, é isso que se pode inferir nas leituras desses textos.

Outro ponto cultural onde a homossexualidade estava presente era na cultura Grega, por meio da pederastia. A pederastia para os gregos consistia na relação sexual entre homens, onde o homem adulto iniciava sexualmente os homens adolescentes. Os mais jovens eram raptados e tinham sua vida sexual iniciada dessa forma. O jovem que não passava por essa iniciação, era tido como alguém diferente, era uma ação vergonhosa não ser iniciado por um homem mais velho.

Em Esparta, a pederastia era regulamentada por lei e havia punição para os que não participavam. Além da iniciação masculina, ocorriam também iniciações femininas, da mesma forma.

O termo homossexual surgiu em meados de 1869, com o jornalista e advogado húngaro, Karol Maria Kertbeny, o autor entendia a homossexualidade como “uma condição inata, que se manifestava através de impulsos e desejos” (Nunan,2003) apud JUNIOR/VIEIRA/GOMES pag. 45 2010. A nova concepção trazida por estes autores e seus conceitos se colocava em oposição à ideia de “invertido”, pois muitos entendiam que o indivíduo homossexual, na verdade era invertido sexualmente.

Apenas no Império Romano, a homossexualidade começou a ser reprovada por alguns grupos da sociedade. Todavia, de forma hipócrita isso era retratado, pois não era anormal penetrar um escravo, no entanto, ser penetrado era escandaloso pelos romanos. A partir daí, até hoje, muitos fazem a conceituação da homossexualidade a partir da passividade ou atividade dentro da relação sexual homoerótica.

No Brasil, em seu descobrimento, em 1500, havia também muitas práticas homoeróticas, todavia, quem fosse descoberto, sofria legalmente pela relação. Os escravos não eram punidos com tal lei, pois eram considerados mercadorias. A homossexualidade sempre fez parte da nossa realidade, no entanto, essa relação é conflituosa, entre heterossexuais e homossexuais, visto que, atualmente, existem departamentos exclusivos para a defesa dos direitos dos homossexuais.

O modelo binário da nossa sociedade, não abarca todas as nuances da sexualidade do ser. Ser homem ou mulher, dentro das características limitadoras da sociedade, é capaz de colocar uma barreira limitadora sexual de vivência das pessoas. Esse modelo então limita a presença do homossexual na sociedade, colocando um papel estigmatizante.

Ainda hoje, muitos consideram apenas a prática da passividade como ato homossexual, cultura essa que nomeia essa orientação como sendo, os que praticam: “viado”, “bicha”. Essa relação de homossexualidade vem do papel imposto a mulher de “receptora do pênis”, sendo a prática da passividade na relação sexual tratada dessa forma. Os estereótipos e crenças, ainda hoje, são tidos como fundamentais para se dizer que um homem ou uma mulher são homossexuais, neste caso, não bastando ter atração pelo mesmo sexo para o ser.

Esses estereótipos e crenças ainda perduram, pois a sociedade é formada por um grupo heteronormativo e patriarcal. Possibilitando, ainda mesmo, dentro dos grupos de homossexuais certa diferença de se considerar uma pessoal homossexual ou não. A homossexualidade é mais que uma orientação sexual, refere-se também a um papel social dentro da sociedade.

Texto base para esse texto: Homossexualidade e construção de papéis. Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 1 n. 1, p. 43-48, jan./jun. 2010.

Lume Santos
Enviado por Lume Santos em 11/12/2018
Código do texto: T6524519
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