PODEMOS INTERVIR NAS CULTURAS INDIGENAS?

Às vezes me faço à pergunta, um antropólogo cultural é um reacionário? Já que este defende a manutenção cultural e permanecia das culturas como elas são. Ou a esquerda socialista define o conceito de reacionário segundo aquilo que atrapalha sua premissa revolucionária comunista?

Será que escolhem o que é ou não uma atitude de defesa que qualifica um reacionário. Talvez aquilo que atrapalha a revolução socialista isso sim é uma atitude reacionária.

Antes que alguns pesquisem no Google, vou colocar aqui uma definição bem genérica do que é ser um reacionário: "Um reacionário se define por sua posição diante da mudança, da transformação, da descontinuidade social, cultural e histórica, ou seja, ele quer que tudo permaneça como estava no passado."

Mas não confunda uma pessoa reacionária com uma pessoa conservadora; o conservador defende a mudança paulatina da sociedade, é uma ideologia que procura preservar o que é válido no presente recorrendo aos instrumentos tangíveis desse presente – e não a fantasias sobre o passado. Agora vamos a questão:

A ministra da Mulher e dos Direitos Humanos tem uma luta bem conhecida contra o "assassinato" ritualísticos de bebes indígenas indesejados, em locais onde algumas tribos enterram bebês que julgam ser uma maldição para a aldeia, e com isso, os enterram vivos; isso aconteceu e acontece agora, em pleno século e ano corrente.

Uma atrocidade Cultural ou uma tradição Cultural? Como julgar isso? Clifford Geertz, antropólogo norte-americano, afirmou que "o homem é um animal amarrado em teias de significados que ele mesmo teceu", ou seja, as culturas são autônomas em si, nenhuma outra é superior o bastante para definir o que fazer.

Como avaliar esta questão sem colocar nossa imposição do modo de ver a valorização da vida na ótica de nossa cultura etnocentrista? Qual é o consenso geral sobre tal ação

Antes que alguém volte ao Google, quero explicar o que é o termo Etnocentrismo; "é a tendência a observar ou impor ao mundo visões desde a perspectiva particular de um povo e cultura a que se pertence." Agora vamos lá.

Talvez se apresentássemos este fato aos vários povos e culturas pelo mundo e colhesse suas percepções a esta atitude de enterrar um filho vivo, poderíamos julgar o caso e nos isentar desse estereótipo etnocentrista.

Mas, enxergaríamos isso de forma imparcial, e se houver culpa? Condenaríamos os indígenas a pagar por seus feitos culturais "assassinos"? Ou a humanidade encararia isso como parte do seu desenvolvimento cultural e assim seríamos coniventes com tal ação?

Condenar ou não condenar as tradições indígenas? Seria um ato reacionário ou um ato de respeito às culturas? Os olhos da espécie humana na terra são isentos? E como seria essa isenção?

Ao prevalecer o olhar mais poderoso, qual seria o resultado da observação? e qual seria o julgamento das varias culturas a este feito?

Qual é o limite da defesa da cultura? Existe um limite? Intervir nesta prática é um ato "etnocentrista" do homem moderno? Ou preserva-la como uma tradição "assassina" é um ato de uma "mente reacionária?”.

Quais os interesses políticos e ideológicos que definem o que é "etnocentrismo" e o que é um "ato reacionário?" Eis a questão.

Lililson Santos.

Lililson
Enviado por Lililson em 16/12/2018
Reeditado em 23/06/2019
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