AGRADAR SEMPRE?

É comum encontrarmos pessoas que, devido a deficiências na formação da sua personalidade, acreditam que a melhor forma de viver ou conviver com os outros é agradando sempre. Desse modo, como se fossem programadas para nunca desagradar a ninguém, fazem do “agradar sempre” uma conduta compulsiva e radical com vistas a satisfazerem as suas necessidades de aceitação.

Esse tipo de comportamento por ser, na maioria das vezes, instintivo ou inconsciente, torna a pessoa presa fácil de jogos manipulativos que a desqualificam perante os outros, levando-a sentir-se frustrada e rejeitada; um caminho fácil para assumir o papel psicológico de vítima.

Algumas características são comuns às pessoas que seguem o script do “agrade sempre”. Por exemplo, raramente possuem opinião própria ou expressam seus verdadeiros pensamentos; sempre concordam com as opiniões e conceitos alheios, mesmos que estes afetem sua dignidade ou contrariem seus próprios valores e sentimentos. Não saber dizer não também é outra de suas características, visto que temem ser rejeitadas e perder as migalhas afetivas que obtêm apenas porque anulam suas vontades sendo submissas.

Que modo mais estranho de viver, não é mesmo? Promover sua própria autoanulação diante daqueles que não a respeitam. E o curioso nesse comportamento é que alguns indivíduos confundem servilismo com humildade; escondem-se da vida sem perceber que os desconfortos e as injustiças que lhes acontecem, na maioria das vezes têm como causa essa falta de reatividade, essa pseudobondade que creem serem portadores. E o pior é que muitos, por ignorância e falta de autoestima, quando descobrem, depois de muito tempo, as manipulações a que foram submetidos passam a posar de coitadinhos, quando na verdade foram vítimas de si mesmos.

Então, para evitar esse tipo de postura e suas consequências nefastas, é recomendável desenvolver desde logo posturas afirmativas e autênticas; permitir-se desagradar seja lá quem for que esteja a desrespeitar sua integridade e seus valores; deixar bem claro que a intenção não é desagradar só por desagradar, que a finalidade é respeitar o que lhe é valoroso e essencial.

Deixar de “agradar sempre” é condição primeira para quem deseja resgatar seu autorrespeito e obter o respeito daqueles com quem convive, seja na família, no trabalho, em sociedade; enfim, em todo tempo e lugar.