Dores emocionais

Cada pessoa é uma ilha em si mesma, em um sentido muito real, e só pode construir pontes em direção a outras ilhas se efetivamente desejar ser ele mesmo e estiver disposto a se permitir.”

​(Carl Rogers).

Carl Rogers foi um psicólogo estadunidense atuante na terceira força da psicologia e desenvolvedor da Abordagem Centrada na Pessoa. Técnica que pressupõe que no processo de acompanhamento psicológico de um indivíduo, o mesmo possui o rico “poder” de encontrar as respostas de seus conflitos dentro de si mesmo.

Imagine se alguém lhe pedisse para que, em poucas palavras você se definisse. Você diria que esta seria uma tarefa fácil?

Acredito que para que você seja capaz de encontrar as tais respostas em si mesmo, em primeiro lugar é necessário conhecer-se, embora a plenitude deste conhecimento pertença aquele que nos criou.

É possível através de um processo de autoconhecimento, aproximar-se de seu mundo interior subjetivo, discernir nossa interioridade, para só então ser capaz de encontrar em sua história e naquilo que ela foi capaz de construir, as ferramentas (respostas) a fim de obter cura, amadurecimento e a incrível possibilidade de ser um canal de transformação na vida de outras pessoas.

Em meio aos conflitos cotidianos, imersa em inúmeras atividades, percebo ainda com mais facilidade, a complexidade de minhas emoções e o quanto é imprescindível conhecê-las a fim de buscar “dar conta” deste emaranhado de fios conectos e desconetos de minha mente.

Ás vezes me sinto como uma espécie de caixa de energia, como aquela que temos em casa, onde ficam organizadas as fiações, pontos de voltagem específica para o chuveiro, condicionador de ar e coisas do tipo. Porém a sensação é de que em alguns momentos, os fios estão todos em curto circuito e mesmo com capacidade incrível de atender toda a estrutura elétrica da casa, os apagões podem colocar em risco a vida útil dos eletrodomésticos.

Quando recebo informações sejam elas com que forma de comunicação for, preciso com um esforço muito significativo, buscar organiza-las com “calma” em minha mente, visto que as minhas atividades cerebrais “em festa” (palavras de um neurologista que também é amigo) diria até mesmo que parecem estar dançando rock em alguns momentos, fazem com que a aceleração da voz, a intensidade com que me expresso, o balançar das pernas enquanto aguardo se acentuem.

Tenho uma amiga que diz ; - A Claudinha é uma festa!

Outra afirmou ; - Claudinha, eu sou mulher e sei que esta é uma característica nossa, mas fico impressionada em como você consegue fazer tantas coisas ao mesmo tempo!

- Nossa! Você pensa muito rápido!

- Meu Deus, você parece não se cansar!

Acredito que alguns pensam que isto me faz muito privilegiada ou promove de alguma forma vantagens sobre os demais, porém, o que meus amigos talvez não saibam é o alto preço que sinto pagar, por ter uma mente tão agitada. Penso que meus pensamentos saltam rapidamente de dentro de mim, numa velocidade acima da média, o que me remete a necessidade precípua de equilíbrio.

Escrever foi uma forma de encontrar equilíbrio mental. As atividades físicas também, além de contribuir para o equilíbrio do corpo.

"Ler" o que penso, antes de falar o que penso, apesar de não seguir necessariamente esta ordem sempre é uma excelente estratégia da qual não devemos abrir mão. Algo semelhante ao que o Túllio Carvalho aborda neste artigo . Indico a leitura para melhor compreensão do tema.

Colocar pra fora essa energia através do suor da corrida, da força de um treino de jiu jitsu ou respirar ar puro enquanto contemplo a natureza durante uma trilha, além da conexão com Deus, me permite dentre muitas coisas, a também não “pifar”.

Se permita o autoconhecimento. Olhe pra dentro de você e seja sincero com suas emoções. Experimente reconhecer suas dificuldades, limitações, medos, angústias e habilidades. Não para sofrer sozinho com aquilo com que você se deparou, mas para obter as respostas necessárias, que o levarão a vencer qualquer barreira que se colocar como obstáculo na conquista de seus objetivos.

Muito embora jamais sejamos capazes de possuir em nós todas as respostas, encontrar-se consigo mesmo, poderá nos permitir o milagre não somente do autoconhecimento, mas do amadurecimento neste conflituoso, desafiador e prazeroso caminho que percorremos durante as relações humanas e principalmente do “olhar” para seu próximo, a fim de deixar nesta geração, uma marca positiva de amor e empatia.

“sensibilidade é quando olhamos o nosso avesso e enxergamos a dor do outro”

Rebeca Bedone – Revista Bula