A influência da escravidão nos EUA

A escravidão nos Estados Unidos iniciou-se no século XVIII, sendo motivada pelas habilidades portuguesas e espanholas para com os povos pré-colombianos nas colônias latino-americanas. Os navegadores espanhóis foram os primeiros a pisar no solo da atual região conhecida como Estados Unidos. O regime escravocrata encerrou-se em 1863, com o apogeu da Guerra de Secessão e vigor da carta de emancipação, assinada pelo presidente vigente, Abraham Lincoln, que abolia a escravidão em todo o território.

Os Estados Unidos da América foram colonizados pelos ingleses a partir do século XVII, período no qual estava em alta os fundamentos iluministas na Europa e o crescimento do comércio ultramarino, fato que propiciou os processos de colonização, especialmente por parte da França e da Inglaterra. Antes da chegada britânica, os EUA eram habitados pelos povos Ameríndios, que posteriormente seriam escravizados. Estes eram descendentes de nativos da Sibéria e dispersaram-se em variados grupos étnicos, em diferentes níveis organizacionais. Conflitos religiosos e políticos em solo europeu também estimularam a imigração rumo ao Novo Mundo. É nítido o peso dos movimentos missionários e jesuítas em regiões norte-americanas. Em momentos de maiores tensões na Europa, principalmente no início do período de escravidão dos Estados Unidos, aqueles que se convertessem à determinada religião, tornariam-se livres após um tempo estipulado.

Os nativos indígenas não eram de fácil escravização, pois não adequavam-se ao sistema capitalista assim como não se ajustavam como trabalhadores. Conforme a mitologia eurocêntrica, o índio era um indivíduo preguiçoso, esse foi um dos motivos que levou à escravização de afrodescendentes, embora o negro fosse considerado estrangeiro, a necessidade de mão-de-obra para a retirada de matéria-prima com fins lucrativos, rumo à Europa, tornou-se um obstáculo contornado pela possibilidade de escravizar os africanos. As punições caso a cota estabelecida aos escravos não fosse atingida eram severas: a tortura era aplicada através de mutilações, chicotadas, queimaduras, abusos e demais atrocidades. Os quilombos nos EUA eram conhecidos como “marons”. Havia no total, treze colônias, que constituíam facções federalistas e republicanas. A escravidão nas colônias do norte diferenciava-se da escravidão nas colônias do sul, enquanto que no norte dos Estados Unidos os escravos trabalhavam como empregados domésticos, artesãos e trabalhadores urbanos, no sul, o processo atingia maiores proporções: era árduo e cruel: a jornada de trabalho era de aproximadamente dezessete horas nas plantations de algodão (recurso essencial para o abastecimento das crescentes Indústrias Têxteis europeias, no contexto da Revolução Industrial), laranja, arroz e tabaco. O poder político dos EUA concentrava-se nos estados do sul, assim como os latifúndios; enquanto o norte, manufatureiro e de crescente industrialização.

Boston foi uma das províncias envolvidas na escravidão e contou com o maior comércio de escravos da América do Norte, o que engrenou sua economia, e por muito tempo, foi um importante centro manufatureiro. As colônias de Jamestown,que recebeu os primeiros tumbeiros, e a de Chesapeake, onde ocorreu uma batalha durante a Guerra da Independência, ambas localizadas na Virgínia, incluíam-se no quadro de territórios que promoveram a escravidão. A economia da Virgínia era famosa por sua produção de tabaco, mas hoje em dia, há no estado uma agricultura diversificada, a pesca como atividade lucrativa, a criação de animais e a exploração carbonífera, além dos Montes Apalaches que constituem significativas reservas de carvão. A Geórgia foi outra região que participou dos processos de escravidão. Sua economia assume vertentes industriais químicas e têxteis, a atividade de mineração ganha bastante destaque, principalmente devido à extração de cobre e manganês, a citricultura é responsável por grande parte dos lucros obtidos com seu comércio e parte de sua renda deve-se ao turismo, justificado pelas belezas proporcionadas pelo Mar Negro. Massachussets, outro estado onde a escravidão tomou forma, tem sua economia baseada na agricultura, voltada ao processo agro alimentar. O setor têxtil é essencial assim como a pesca, as indústrias de alta tecnologia, e a crescente construção mecânica. Sua região foi cenário do episódio Matança de Salém, no qual houve acusação de bruxaria e consequentemente, a morte das culpadas em 1692. Carolina do Sul foi um estado que defendeu muito a escravidão, fato que a levou a separar-se dos EUA, receando que Abraham Lincoln decretasse a abolição da escravatura. Sua economia era baseada na agricultura: produção de soja, tabaco, frutas e algodão, na criação de animais, o ouro é um importante recurso mineral retirado de seu território, e há uma dinâmica exploração florestal.

Segundo estimativas, durante o regime escravocrata legalizado, cerca de 1,6 milhões de homens e mulheres chegaram aos Estados Unidos para trabalhar. Havia aproximadamente 4 milhões de escravos registrados no início do regime, contando com uma alta taxa de mortalidade. Milhares de escravos foram mortos. Até a Guerra de Secessão, foram registrados no total cerca de 4,5 milhões de escravos.

A segregação racial foi constitucionalizada através da promulgação das Leis de Jim Crow, nos estados do sul, que defendiam fortemente a escravidão, esse conjunto de leis abalou afro-americanos e demais grupos étnicos, pois a legislação exigia a separação entre negros e brancos em ambientes públicos, semelhante aos preceitos do Apartheid na África do Sul, que ocorreria anos mais tarde. A discriminação antes da “Era Jim Crow” foram os Black Codes, que perduraram de 1800 a 1866, estendendo-se até o fim da Guerra Civil, tinham a intenção de reduzir os direitos civis dos afro-americanos, suprimindo também as liberdades individuais, mesmo após a emancipação, os códigos negros ainda restringiam suas vidas. Outro tipo de lei eram as leis anti-miscigenação, que proibiam o casamento entre brancos e negros. Apesar dessas leis, surgiram outras formas de concessões institucionais, como o sistema “Headright”, que consistia em um direito de propriedade à partir de hectares de terras cedidas, o que levou à conflitos entre colonos e escravos.

Com o progresso da Campanha Abolicionista, em meados de 1860, surgiu um movimento de independência das colônias do sul, que ainda abrangiam regimes escravistas. A dinâmica ocorreu em razão da declaração da Carolina do Sul como província independente do restante do país. Diante disso, o presidente dos EUA durante a condução da Guerra Civil norte-americana, Abraham Lincoln, evitou a separação de seu país em dois, uniu as variadas ideologias políticas do norte, controlou o progresso militar do sul contra o norte, e através do ato de emancipação pela décima terceira emenda da Constituição, declarou livre todos os escravos. A abolição ocorreu devido às medidas tomadas pelo presidente, como a limitação da escravatura, culminando na desintegração de países do sul e consequentemente na Guerra de Secessão (1861-1865). A histórica disputa entre o sul e o norte é um dos grandes motivos que iniciou o confronto: no sul prevalecia a preocupação em manter o modelo econômico agrário e a soberania racial branca; enquanto que no norte predominavam movimentos abolicionistas e o sistema econômico preponderante era o industrial. O conceito de expansão por parte do sul rumo ao norte era a justificativa de que cabia a cada território decidir questões de comércio estratégico, o que afligia o norte, no contexto da extensão. A expansão para o oeste acentuou a oposição entre sul e norte. O sul tomou a iniciativa e conquistou vitórias, porém o norte era mais fortalecido, o que modificou a situação, o poderio industrial e bélico do norte acabou por beneficiá-lo.

Algumas obras cinematográficas que contextualizam-se com o sistema de escravidão nos EUA são: “The Birth of a Nation” que retrata a luta de um homem na busca pela libertação de seu povo, baseando seu movimento em princípios religiosos; “12 Anos de Escravidão” que demonstra a realidade e luta pela sobrevivência dos negros submissos ao regime; “Amistad” que remonta à captura de escravos, e a rebelião das “mercadorias” contra os captadores brancos em pleno navio; “Lincoln” que retrata a trajetória do presidente dos Estados Unidos e como o mesmo lidou com os maiores momentos de tensão em seu governo, no âmbito da escravidão, apresentando as atitudes de Abraham Lincoln como motivo de honra e orgulho ao legado que o presidente deixa à nação norte-americana; “Tempo de Glória” que concerne à luta entre soldados e confederados; e “E o Vento Levou” trama que desenrola-se e é influenciada pela guerra civil norte-americana. Houve também abolicionistas importantes, que lutaram pelo fim da escravidão, entre eles, destacam-se: Harriet Elizabeth Stowe, cuja obra fora publicada em 1852; Harriet Tubman, americana abolicionista durante o período da Guerra Civil; John Brown, convicto abolicionista que liderou um massacre e foi preso e enforcado; Frederick Douglass, escritor estadista e reformador social; David Walker, escritor e ativista anti-escravista; Sojourner Truth, defensora dos direitos femininos e abolicionista afro-americana; William Garrison, jornalista e ávido defensor de ideais de emancipação e Nat Turner, escravo e líder de uma revolta de negros na Virgínia, que ocasionou inúmeras mortes.

“A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns” (Abraham Lincoln)

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 07/03/2020
Reeditado em 30/10/2021
Código do texto: T6882217
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