GUERRA FORÇADA PELA INVEJA

GUERRA FORÇADA PELA INVEJA

No caminhar de um ser sobre o manto terrestre, circundado pelos mares e açoitado pelos ventos e tormentas que surgem do complexo sistema rotacional do nosso planeta, que é redondo mas ao mesmo tempo achatado, podemos evocar que em algum momento épico ou homérico, púnico ou severo, o mesmo se defrontará com os desafios que lhe imporão os invejosos.

Acostumemo-nos a essas tragédias, por onde surgem desfiladeiros que parecem sem fim, os quais são tão escarpados e funestos que só permitem a plena claridade no momento angular reto do Sol em seu profundo útero. E estar preparado para esse trajeto, requer pertinácia e vivacidade, destemor e hombridade para se mostrar com galhardia e virtuosidade, demonstrando aos nutridos pela discórdia em relação ao personagem que se tenta destruir ou se atacar, que talvez estejam errados em não se ombrear ao mesmo, por propósitos bem maiores do que aqueles que são mesquinhos e não sejam em prol de todos.

Nestes tempos de temor, onde todos são possuidores de artifícios mais voltados para destruir do que construir, é preciso voltar nossas antenas, nossos radares, nossos observatórios e nossos corações para o que é possível fazer para melhorar a nossa existência e os nossos propósitos, enquanto há tempo, já que vivemos sob o manto de um Sol que tem final marcado, mesmo que não o seja para a nossa ínfima existência espacial e temporal.

Não entendemos mais a nossa sociedade e os nossos clãs, sejam familiares ou de grupos forjados por um mister, um propósito ou um crer, quando vemos ardis tramados apenas pela ideia de inveja ou vingança de coisas que nem sabemos se existiu, já que o ser humano é bastante pródigo em inventar situações, sejam por sonhos ou delírios, e se deixar influenciar por esses mesmos ardis.

Imaginar coisas sobre as outras pessoas num mundo tão desapegado do real, onde a virtualidade predomina em quase tudo, transparecendo coisas que nem sempre ocorreram como se o fossem a mais pura das verdades, faz com que as pessoas e os povos vivam a se enfrentar, em guerras forçadas pela inveja, pela mentira, pela ganância ou até pela falta de caráter de pessoas que convivem entre si vestidos com máscaras, ocultando o que realmente são, desejam ou ambicionam, donde sofre e padece o mais fraco, ou o mais ingênuo.

E é assim que se vê levar ao poste dos martírios, como nos antigos pelourinhos, aqueles que costumam ser autênticos no seu existir, sem qualquer predisposição para viver uma vida de farsas e disfarces, como se fossem palhaços, que têm que se pintar para subir no picadeiro e dar seus shows, só para alegrar a plateia, esquecendo preso em suas glândulas lacrimais o grande choro que a humanidade sacana e escrota lhe dedica, quando debocha da sua bola no nariz ou sua peruca colorida e seus sapatos longos, rindo de suas quedas ou escorregões.

Ser esse ser autêntico, num mundo cada vez mais sem autenticidade, em que cada um quer viver a vida sem partilha e sem amor verdadeiro, está fadado a não mais ocorrer, pois enquanto alguns querem ver as coisas acontecerem conforme se é proposto, ao mesmo tempo tem aqueles que usam tudo com propósito meramente mesquinho, não se importando com as consequências para as futuras gerações, vivendo o imediatismo exacerbado, sem olhar para a vida como uma peça teatral ou opera e recital, que precisa ter início, meio e fim.

Então, é por essa opera de vida em que estamos inclusos, que não podemos deixar de olhar o passado, viver o presente e plantar o futuro que queremos usufruir ou deixar para os que nos perpetuarão como descendência, nesse mundo que só a Deus pertence, com suas regras expressas pela ação do tempo, que é seu bastão mágico no cosmo infinito que ainda não somos capazes de entender.