COMO ENTENDERMOS A VIDA E O DIREITO QUE NOS FOI DADO A ELA
 
COMO ENTENDERMOS A VIDA E O DIREITO QUE NOS FOI DADO A ELA

Estamos em tempos de grande polêmica no mundo, à medida em que sua população cresce de forma exponencial, se comparado aos tempos antigos, em que a sociedade humana não tinha avançado nas técnicas de cura, tratamentos de males incuráveis ou até nas questões de saneamento básico, acesso à água potável, ao alimento e sua conservação, dentre tantos outros fatores sócio ambientais que demandam muitas perspectivas e opinião acerca da vida humana na face da Terra.

Ao mesmo tempo, estamos em tempos de muito individualismo e desmonte do sistema tribal, dos clãs, mesmo até dos núcleos familiares tradicionais, de formação heterossexual. O que não quer dizer que os seres humanos tenham sido racionais e coerentes no conceito sobre o direito à vida como base para a própria sobrevivência da espécie, se olharmos pelo lado instintivo de cada ser vivo.

O homo sapiens sapiens e todas as variáveis de hominídeos que habitaram ou habitam sobre o manto que cobre esse planeta excepcional, que poderíamos até nos arvorar de dizer quase único, por suas características ambientais, geológicas, espaciais, de sistema estelar e tantas outras definições possíveis, padecem de uma melhor lógica de como resolver um problema que instintivamente todos os outros animais e vegetais procuram, que é se adaptarem ao máximo em busca de sobrevivência, reprodução e manutenção das espécies.

Convivemos de modo natural, ambientados pelo controle que a natureza exercia sobre o ser humano por quase todo o ciclo de nossa existência e evolução. Todavia, não resta dúvida de que os avanços do pensamento humano, seja na área filosófica, sociológica, cientifica ou até econômica e legal, já que esses últimos itens tenham vindo à reboque da ambição humana de um querer dominar o outro e que resultou nas grandes disputas de poder, que findaram por criarem estruturas baseadas no desenvolvimento de estamentos legais e financeiros, normalmente impostos pelos mais fortes, e que ganharam a supremacia, fazendo com que tudo passasse a ter regras que fogem ao livre arbítrio individual para uma condição de livre arbítrio social, buscando harmonizar os conflitos gerados pelos interesses e ambições de cada indivíduo.

Mas, devemos nos por numa análise da nossa condição onívora e até celestial, que nos deu o conforto de podermos pensar, ter pretensões, vontades, de podermos tomar decisões acerca da própria vida e até de outros tipos de vida sobre a face da Terra.

Entretanto, cabe um grande parêntese nesse pensar, nessa pretensão, nesse exercer de vontades, quando pretendemos tomar decisões, pois devemos respeitar a evolução do universo, do planeta, da vida como um todo planejado por uma essência superior a todos nós, que nos arvoramos de chamarmos de Deus, a qual, na sua posição celestial o fez tudo muito perfeito, pois a sincronia do micro ao macro cosmo é inquestionável.

E assim, é muito válido que possamos discutir aspectos sobre o que consideramos matéria viva ou matéria morta e inerte. Mas, não devemos descontextualizar que no âmbito da matéria viva, temos uma categoria, que julgamos pensante, na qual o ser humano está incluso, não querendo aqui, simplificar como sendo os únicos com esse dom, mas ao mesmo tempo, buscando uma tese de que somos o resultado não só da união de seres pensantes, mas um resultado que não nos é dado de modo individual, mas sim da soma, a qual é feita e não nos permite, a partir daí, a tomada de decisões individuais pelo mero julgar de sermos embalagem, sermos caixa ou depósito, quando na realidade devemos nos ater ao conteúdo, o qual já não é ímpar e sim par. A partir de um certo momento da criação da vida, já não somos unitário, mas sim conjunto.

E é nesse veio de pensamento e raciocínio social e filosófico sobre a vida, que podemos e devemos estabelecer ponderações sobre o direito à vida que se é gerada, já que um homem e uma mulher possuem seus gametas, sejam na forma de espermatozoides ou óvulos, mas que sozinhos quase nada representam, senão conteúdos genéticos das características de cada uma das partes envolvidas, nos famosos XY e XX.

É importante e necessário que entendamos que a vida como um indivíduo criado já o é fato no momento da fecundação, onde o zigoto é formado. Ali, naquele exato momento já há a definição sexual do nosso ser humaninho. Apenas é também um fato, que não conseguiremos perceber nesse momento inicial, se a fecundação gerou um ser do sexo masculino ou feminino, pois que isso só se dará a partir da sexta semana de gestação, quando a multiplicação celular gamética se consubstanciará, e será demonstrada a formação da genitália.

Mas é evidente que é no momento inicial que já se pode dizer não só que a vida está constituída, mas também a sua definição sexual. Ou seja, já somos sim, considerados seres humanos gerados. Apenas somos como na fase embrionária ou zigótica, como o próprio bebê recém saído do útero e da placenta, pois estaremos em desenvolvimento contínuo até atingirmos a fase adulta.

Serão momentos em que os pelos nascerão, os dentes crescerão, a estrutura óssea se consolidará e crescerá até determinada estatura, onde todas as nossas características estarão sempre em evolução, inclusive a do nosso aprendizado em como sobreviver, já que pouco foco nos instintos nos restaram, diferentemente da maioria dos animais. Esse problema de adaptação é mais evidente entre os mamíferos, mas é crucial nos seres humanos, que são totalmente dependentes dos pais por vários anos, sem os quais não sobreviveriam na face da terra.

É preciso que tenhamos essa consciência inicial sobre a formação da vida, pois também precisamos discutir sobre uma questão de grande importância e gravidade que está na mesa de debates em todo o mundo e em especial nos países subdesenvolvidos, que é o aborto.

O que poderíamos considerar aqui como um direito inato à vida, para alguns é um direito que cabe a decisão de apenas uma das partes envolvidas, quando na realidade são duas, senão três. Pois que a mulher entra com o óvulo e o homem com o espermatozoide. Mas, e como fica Deus nesse entrevero, se não fosse ele a fonte maior de vida e inspiração para viver, quando nos deu o Universo como colo para que a vida pudesse ser criada e continuada?

É interessante sabermos que somos fruto de uma ancestralidade, de um preexistir, de algo que não nos foi negado por quem veio antes de nós. É também fundamental que entendamos aqui no nosso Brasil, que esse tipo de ato, que poderíamos dizer ser cruel e egoísta, tem seus maiores índices nas regiões mais adensadas populacionalmente, mas também afligidas por baixos níveis de instrução no aspecto acadêmico e educacional, acochadas também pelas influências da baixa renda familiar ou individual da população economicamente ativa.

Mas não é fácil aceitar tais ações, que repercutem não só no sistema público de saúde, mas tem seu custo maior na estrutura psicológica dos envolvidos, no lado emocional e de amor incondicional à vida, que é quesito fundamental para tudo o que fazemos de bom no nosso existir, nos dando razão para isso.

Já não basta todo o ódio e rancor que nutrimos entre os povos e as pessoas, que geram tantas guerras, mortes precoces, mutilações e doenças de todos os tipos que nos impõe tanto sofrimento, tanto do corpo como da alma? Por quê devemos carregar esse fardo mais pesado do que Atlas carregou? Por quê temos que carregar por todo o nosso existir a dor na consciência de ter impedido alguém de viver, criminosos que somos quando negamos o direito à vida de um semelhante.

Observemos, que mesmo sendo seres onívoros, a natureza não nos quer predadores vorazes, mas sim que usufruamos do todo que há de modo equilibrado, mantendo o ecossistema intacto, na sua evolução natural e não forçada pelas nossas vaidades e desejos loucos de querermos nos colocar no lugar de Deus.

Por isso, lembremos que devemos a nossa vida à incansável luta e amor de incontáveis gerações que nos antecederam, dando continuidade à vida, mesmo que busquemos programar o nosso viver, enquanto vivos, estabelecendo outros tipos de métodos para nos prepararmos conscientemente para conceberemos nossos descendentes.

Mas só sabe mesmo esse mistério gostoso de Deus, quem deixa vir ao mundo o fruto gerado pela vontade Dele, sem delongas, sem buscar culpados, mas apenas preocupados em dar a esses frutos todo o carinho e orientação devida para que, na condição de bons frutos, gerem também boas e futuras sementes, que nos perpetuarão nesse nosso grande lar, o qual Deus nos presenteou com tanta sabedoria e beleza, não negando um direito que nos foi dado gratuitamente, que é o de reinarmos sobre todos os continentes, respirando e se extasiando com toda a energia e lucidez que nos foi dada pelo Criador do Universo.

Se Deus nos deu tanta inteligência para existirmos, porque não usarmos esse dom para nos prepararmos para a vida e as novas concepções, sem precisar de arrependimentos, que resultam numa ação totalmente conflitante com o sentido de perpetuação das espécies, que está inoculado nas células e gametas de todos os seres vivos, que é um cruel aborto? Reflitamos sempre sobre a vida, pois ela é uma dádiva e não um castigo.

Publicado no Facebook em 03/08/2018