ONDE FOI QUE ERRAMOS?

Prólogo

O texto “ONDE FOI QUE ERRAMOS?” é ficcional. Portanto, quaisquer semelhanças com lugares, pessoas vivas ou mortas, histórias outras reais e escritas outrora terá sido apenas uma coincidência. Ah! Convém lembrar que, às vezes, uma ficção se baseia na realidade e vice-versa.

Este escrito não visa encontrar uma resposta para todos os fracassos humanos nas áreas socioafetivas e/ou profissionais. Não aponta nem tampouco busca culpado (s). Trata-se de algo mais simples, cuja resposta será dada não apenas no contexto, mas, principalmente, na conclusão imaginada.

Nem sempre, nas relações interpessoais, é fácil descobrirmos onde erramos. Preocupamo-nos sobretudo em encontrar um culpado (a) pelo fracasso dos nossos propósitos. Quase sempre esquecemos que fizemos escolhas erradas e enveredamos por caminhos complicados e espinhosos. Tudo em nome da paixão!

É fato que, às vezes, tudo está muito cristalino em nosso derredor, mas não ousamos enxergar por medo ou receio de nos condenar. Dai a frase que se tornou um axioma: “A paixão cega os apaixonados.”.

AREJANDO AS MEMÓRIAS

Quando escrevi e publiquei no Recanto das Letras o escrito “O SOFRIMENTO SAUDÁVEL” – texto muito bem aceito pelos mais exigentes e seletos leitores – fiz questão de enfatizar:

“... quando a dor é muito grande, o sofrimento se transmuda em silencioso tormento. Se não acontecer assim precisaremos trabalhar nessa transformação para não transferir aos outros, pelo uso da vitimização, esse real ou imaginário padecimento.”. Ora, o iluminado escritor Fernando Pessoa dizia que: “A liberdade é a possibilidade do isolamento. ...”. – alguém em sã consciência duvida disso?

Existirá sofrimento saudável? Sim. No isolamento social você, eu e todos os nossos semelhantes, responsáveis, encontrarão isso na liberdade, na oportunidade de inovar. Ainda no texto “O SOFRIMENTO SAUDÁVEL” escrevi sem receio de estar cometendo uma heresia:

“... atualmente, de dor e sofrimento o mundo transborda como um vale de lágrimas em detrimento dos sorrisos espontâneos. Mas o sofrimento poderá ser saudável! É preciso apenas aprender a não sofrer por quem se diz feliz sem você.”.

A ANGÚSTIA DA VIUVEZ E O REFRIGÉRIO DA COMPREENSÃO

Certa ocasião, numa conversa informal, uma jovem muito bonita, inteligente, pragmática, responsável, mãe zelosa, determinada, gentil, educada e, sobretudo consciente dos erros de suas escolhas no campo da afetividade, segredou-me prestes a desabar num choro plangente:

“Aquela angústia ainda permanece, mas um dia isso tudo vai passar”.

Posteriormente essa menina-mulher me enviou, pelo WhatsApp, uma mensagem encontrada na "web" na qual estava escrito:

"Em algum momento você vai notar que errou. Que fez as piores escolhas. Perdeu todas as grandes chances, não fez tudo por quem mais lhe queria, desdobrou-se por quem nem sequer se importava..." – (SIC).

Compreendi, ao ler a mensagem enviada, que esse foi o pequeno grande passo que ela deu ao reconhecer que plantou em terreno estéril! Determinada, talvez iluminada por alguém mais experiente e sagaz, a simpaticíssima mulher pensou:

"Agora é tempo de ousar e inovar. Seguir em frente e evoluir!". – É fato. O dito popular gritou em sua mente: "Antes só do que mal acompanhada." ou "Melhor só do que mal acompanhada". É lógico: "As más companhias corrompem os bons costumes." – (SIC) – (Palavras do amigo Zé Preto e outros tão ou mais experientes do que ele).

ANGÚSTIA – PRIMEIRO DEGRAU PARA A DEPRESSÃO

Nós sabemos que angústia é um sentimento que está relacionado com situações que acontecem na vida da pessoa e que trazem muitas preocupações, como saber o diagnóstico de uma doença, perder um familiar ou ter um desgosto amoroso, por exemplo.

Angústia é uma manifestação emocional que perturba e incomoda e, normalmente, deriva de sentimento ou comiseração de frustração, culpa, insegurança ou ingratidão de alguém. Entendo e considero a angústia como sendo a primeira fase ou o início de uma forte depressão.

O BOM OUVINTE

Sou um bom ouvinte. Ouvi os queixumes da jovem mãe e nessa ocasião, como um “insight”, isto é, compreensão súbita de alguma coisa ou determinada situação, antevi a possibilidade de escrever um texto sobre esse tema: A ANGÚSTIA DA VIUVEZ”. Respondi à menina-mulher:

“Obrigado pelo incentivo e ideia que me deu sobre o tema. Todas as viúvas do planeta vão gostar. Tenho certeza.

AS CILADAS DA PAIXÃO

Os enganos e acertos do amor perdem feio para os erros e/ou ciladas da paixão! Eu sei que o ser apaixonado continua se achando a pessoa mais importante do mundo, a última fatia de pizza genuinamente italiana, o derradeiro camarão do prato outrora cheio ou o último bombom da caixa do mais fino chocolate suíço. Ledo engano!

O homem ou mulher durante as incendiárias intimidades amorosas (sexuais) dizem aos ouvidos um do outro: “... por mais que passem os anos, jamais deixarei a chama da nossa paixão se apagar, pois a paixão é o fogo que mantém o amor aceso, vivo, aquecido, dedicado, leal, seleto e eterno... ”. Repito: Ledo engano! Tudo passa.

A juventude, igual a paixão, não é eterna! Já a confiança, o respeito, a lealdade, a fidelidade e o cultivo de outras virtudes, quando associadas ao amor, são o alimento que nutrem casamentos, namoros ou qualquer outro tipo de relação fraterna duradoura.

Livre do turbilhão emocional que é a paixão, o amor pode florescer com calma, permitindo que o indivíduo deseje estar com alguém sem renunciar a si mesmo, da sua individualidade, preservando seu amor-próprio.

CONCLUSÃO

Quero concluir este escrito com uma mensagem, em forma de texto, que encontrei no fundo de uma gaveta, no interior de um livro – Laços de Ternura, escrito por Larry McMurtry – que recomendo. Entre as páginas do livro-romance que fala sobre o amor – ou ausência do amor – familiar e sexual encontrei uma página amarelada pelo tempo escrita pelo meu heterônimo “Zé Preto”.

É sabido que o escritor Fernando Pessoa – Natural de Lisboa, capital de Portugal – usava inúmeros heterônimos. Portanto, eu também tenho esse direito e nada me impede de utilizar os ensinamentos de um dos meus favoritos sonhadores. Refiro-me ao enigmático “Zé Preto”. Trata-se de um curioso e autodidata igual a mim.

Mas onde foi que erramos? Erramos todos nós seres humanos quando vislumbramos ou criamos expectativas coloridas, extraídas de um sonho cinzento, lastrado apenas numa paixão fugaz e inconsequente sem a fortaleza do amor proficiente.

A PERGUNTA DO JOVEM ENAMORADO E A RESPOSTA DO VELHO “ZÉ PRETO”.

Acompanhado de sua linda e jovem noiva o rapaz, com olhar melífluo, disse perguntando:

– Somos felizes, estamos apaixonados, nada será capaz de nos separar e vamos nos casar em breve. Gostaríamos de saber: Qual o segredo para uma união duradoura e feliz convivendo com uma mesma pessoa?

A RESPOSTA DO VELHO

– Percebo que o jovem casal está realmente apaixonado. Aí reside o perigo. Mas respondendo a sua pergunta.... O segredo para uma longa união interpessoal está no aprendizado do dia a dia, aprendendo um a conviver com os defeitos do outro.

O senhor há de convir que conviver com virtudes é muito mais fácil, cômodo e conveniente, mas para ser feliz, de fato, é necessário sublimar o amor-próprio, não se afeiçoar à matéria, cultuar a tolerância, respeitar as limitações socioculturais um do outro, não sentir ciúme, tampouco se apaixonar e jamais sentir saudade!

– Não se afeiçoar à matéria? Não sentir ciúme nem saudade? Não se apaixonar? Como assim? Quem está apaixonado sente saudade e ciúme! – Falou quase gritando o jovem.

– Sim. É verdade. Mas essa saudade e ciúme, sem a sublimidade da autoestima, causam atraso afetivo, social e profissional; aflição, insegurança e sofrimento; medo e tantas outras mazelas que não combinam com o amor, o progresso e tampouco com a luz e evolução espiritual.