SOMOS UM POVO CORDIAL?

SOMOS UM POVO CORDIAL?💔
Já pensei assim algum tempo atrás, já nos considerei um povo alegre e companheiro,mas,enfim,caiu a máscara e a dura realidade apareceu.
Nas ruas,nos parques,nas escolas,nas feiras livres ,nas casas de família, nas igrejas,no trabalho as pessoas estão revelando seu lado sujo,negreiro,preconceituoso e antissocial.Deixamos cair a máscara da face e até nos sentimos mais á vontade assim,pois,quem vive de fingimento é ator.
A política e as crenças desencadearam esse ódio velado que sempre existiu ,disfarçado e escondido.
Para um país onde se mata mais que no Iraque ,principalmente,negros e pobres ,e a impunidade campeia porque temos uma justiça muito cordial com os mais ricos,estamos muito longe de ganharmos a olimpíada da cordialidade.
O pior é que sempre foi assim,embora mais disfarçado.Só que se falava pelas costas,se destruía reputações na surdina, se tramava pelos cantos.
Quer arrumar um desafeto? Experimente dizer o que pensa e pra que lado torce.Cansei de ouvir conversas em que a pessoa confessa ser contra os golpistas e a favor da volta de uma presidenta eleita por nós e,ao perceber os gestos e rostos desconfortáveis dos seus interlocutores,se apressa logo a dizer : - não,na sou petista,nunca fui e muito menos comunista,isso para ganhar uns olhares mais benevolentes.
Hoje, as pessoas têm vergonha de vestir vermelho,pedir uma coxinha no fast- food ou falar de democracia,que alguns entendem como governo do demo.
Nas reuniões familiares logo se impõe: -nada de discutir política ,vamos nos divertir.Se não,os xingamentos e ofensas começam e ninguém sabe onde vão parar.
Na fila do banco é muito fácil ouvir: - Pobre ser contra Lula é como gato votar em cachorro ou mosquito votar em inseticida.
-Você recebe bolsa - família,seu bosta,vive do dinheiro dos meus impostos,por isso vota neste ladrão.
- Paulista de merda,pensa que é gente,tudo filho de imigrante que veio pra nosso país morrendo de fome...
- Ignorante é isso,esses nordestinos cabeça chata querem desmoralizar o nosso país de brancos e ricos.
E mais: puxa- saco, negro besta, bicha, gorda, vagabundo,vive ás custas do papai, canalha, pau – mandado,covarde,corno,safado,comunista etc.etc.etc...E por ai vai...
Acabou a galinha acabou o resguardo e ,agora ,o eterno país do futuro retroagiu para o passado e,com sorte revogaremos a Lei Áurea, que aquela princesa besta e apaixonada por um crápula francês inventou só para sacanear os paulistas plantadores de café.
Sempre governado pela elite e escravocrata pela própria natureza ,preconceituosa e segregadora,a classe dominante nunca governou para o povo nem nunca quis vê-lo feliz;sempre quis vê-lo acomodado,dizendo sim como vaca de presépio e muito agradecido pelas migalhas recebidas.
Haja visto a periferia “agradecer” ao prefeito e ao governador por obras que eles tinham obrigação de fazer.
Quem luta pelos pobres e desafortunados nunca teve bom fim,isto desde Cristo,passando por Spartacus,os irmãos Graco,bem,a lista é grande.
As pessoas se retiram apressadas ou põem o dedo em riste na minha cara,ou ficam incomodadas quando eu digo que vivemos numa escravidão disfarçada e pior do que a escravidão negra.Estudiosa dos tempos coloniais percebi que os escravos que viviam e trabalhavam na senzala tinham casa ,comida e roupa lavada,eram bem tratados ( claro ,havia o tronco e o chicote que ainda há ,porém ,disfarçado de agressões verbais e o fantasma das demissões ),nos engenhos de açúcar ,na Bahia, tinham a liberdade de crença ,com os malês, tinham escola e capela e ,no fim,até recebiam uma gleba para trabalhar para si , plantando e vendendo a cana para o senhor do engenho;estes formaram a classe média brasileira .
Agora,vai me dizer que o brasileiro que ganha salário mínimo , sai ás seis da manhã de casa para apanhar um ônibus lotado onde viaja pior que gado,paga aluguel, vai ao mercado, não tem boas escolas para os filhos e daí vai constituindo novas gerações de escravizados ,não podem ter lazer,nem ler livros pois a grana não chega, vai me dizer que vive melhor?
Não,não estou fazendo a apologia da escravidão só estou afirmando que tudo deveria ser diferente se tivéssemos programas sociais que acabasse com essa desigualdade .
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 20/05/2020
Reeditado em 24/09/2021
Código do texto: T6953095
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