A sociedade da vigilância, do cansaço ou retrotopia (retrópica)

De acordo com Deleuze, o próprio criador do termo "sociedade de controle", uma espécie de teoria crítica à teoria anterior de Foucault "Sociedade disciplinar", a filosofia é melhor definida como uma ciência que deve ser criadora de conceitos.

Então, significa que qualquer coisa é criada antes na mente do filósofo para ser implementada na sociedade. Simples assim, uma ideologia.

A isso se resumiu a filosofia desse "gênio" considerado pelos "sabichões" universitários de hoje na área.

Ou seja, esse "mestre" entende que antes se cria a ideia e se implementa depois. Clara fuga à realidade. Clara utopia. E então, o mesmo "filósofo" procura explicar a sociedade de controle, a de nosso século, através de um conceito? Ou através de observação da realidade?

É claro que, a despeito da ironia com que estou tratando o filósofo até agora, em decorrência de clara contradição do que pensa e faz efetivamente, posso dizer que suas análises são boas. Entendo correta a análise da sociedade de nosso tempo que ele propôs, só discordo do método dele. Ele nem mesmo o aplica.

Porém, a despeito disso, é certo que nossa sociedade baseia-se no controle do próximo através do uso da tecnologia. O que digitamos no computador está alimentando um banco de dados mundial para formar uma rede de "opiniões públicas" (ou escolhas que fazemos) que serão entregues a grandes empresas se elas assim o quiserem. Estamos expostos e fadados ao controle de nossas ações pela VIGILÂNCIA, e isso é um fato.

Outro fato decorrente dos estudos do filósofo é que esse controle é decorrente não só da informatização, mas, também, da própria sociedade atemorizada pelas ameaças de sanções constantes propagadas pela mídia. Diariamente estamos sendo bombardeados por informações sutis de que poderemos ser punidos em caso de descumprimento de alguma norma que grandes corporações "ocultas" promulgaram. Isso ficou muito claro nesses tempos, ainda que você discorde de qualquer opinião a favor ou contra as medidas adotadas atualmente no mundo.

O fato é que você também não pode negar que o medo de punição está internealizado em cada "cidadão" dessa nova ordem. E você é um deles.

Um terceiro aspecto importante e decorrente dessa sociedade de controle é que um controla o outro. Isso não é novidade de nossa década. Na época do nazismo, após a aprovação das leis de Nuremberg, as pessoas tiveram que delatar judeus para serem entregues à morte. Então, o que fizeram? Um crime? Para eles não. Para eles à época estavam sendo "cidadãos". Os policiais e guardas estavam cumprindo ordens. Os cidadãos civis estavam cumprindo seu dever.

Mas, mesmo nesse terceiro fato incontestável vemos atuando um mesmo sentimento primitivo: o medo.

E é nele que devemos nos ater. Muitos acusaram as religiões universais de trabalharem com medo e culpa; mas o que estão fazendo esses governos mundiais? Não estão impingindo medo e culpa? A troco de quê?

As religiões pelo menos não se metiam mais no governo. Elas há muito já serviam tão-somente como conselhos do rei ou imperador. O que fizeram conosco então? O que estão fazendo com nossa sociedade senão o controle absoluto e NOS DESTRUINDO EMOCIONALMENTE?

E a troco de quê? De sua alma? De sua família? Da divisão entre esquerda x direita, negros x brancos, homem x mulher, marxista x conservadores?

Todos buscam o mesmo. A melhora do indivíduo. Não podemos melhorar uma sociedade inteira se não melhorarmos cada indivíduo. Coletivizar soluções para nada adianta senão para dar mais poder a esses grandes empresários que controlam ocultamente, através da vigilância a que nos submeteram uns aos outros. Veja Foucault e Deleuze, não combateram eles exatamente os grandes capitalistas?

Então, quando ficar com raiva quando alguém passar sem máscara do seu lado pense bem: de onde vem esse sentimento? Do controle?

E quando usar máscara, para que o faz? Para se sentir parte dessa manada e ser aceito para não se sentir CULPADO?

Diga a verdade a si mesmo e assim pode refletir para que lugar estamos indo: o fim da humanidade!

E para que tipo de sociedade: a do esgotamento ou do cansaço (Byung-Chul Han) ou a da extinção do homem (C. S. Lewis)?

Podemos parar e retornar. Podemos fazer a retrotopia (Bauman)! Podemos ser a sociedade da retrotopia e fugir de mais uma utopia que querem realizar na história. Humanos de todo o país uni-vos!

Alexandre Scarpa
Enviado por Alexandre Scarpa em 04/09/2020
Código do texto: T7054747
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