A Expansão Do Comunismo

De repente na América criaram um fantasma, e denominaram “Comunismo”. Um suposto inimigo, para justificar o surgimento de falsos heróis.

Lançaram compatriotas contra compatriotas, a ponto de bombardearem os seus próprios prédios, como ocorreu no Chile, e por pouco não aconteceu em Porto Alegre.

O medo do Comunismo beneficiava os ricos, e ajudava os Estadunidenses a venderem armas, e outros equipamentos bélicos, que para eles já eram obsoletos.

Algumas vezes eu ajudei na tradução dos manuais, muitos deles em Espanhol, evidenciando que aquele material era destinado aos Países Latinos.

Felizmente a ditadura Militar no Brasil foi a mais branda da América, mas propagava-se o medo dos Comunistas, justificado pelas covardes ações dos terroristas, aos quais atribuíam este “apelido”.

Muitos soldados eram meninos, e nos mais jovens, o medo da morte é mais evidenciado. Depois a gente acaba acostumando com ela.

Por medo dos terroristas, um Soldado esqueceu a munição na câmara do fuzil, ocasionando disparo acidental.

O projétil passou rente ao meu rosto, como uma bofetada. O impacto do deslocamento de ar, somado ao estampido da detonação, me deixaram atordoado.

O vocábulo “terrorista” ficou na minha memória, indelevelmente associado àquele incidente; à surpresa, ao assombro, e ao odor do propelente. Por mais que eu tente, me recuso a avaliar as motivações terroristas, muito menos simpatizar com estes malditos.

Eu morava no Quartel para economizar, assim podia comprar os meus livros, discos de vinil, e algum equipamento de Eletrônica. Durante os finais de semana, dividia o tempo entre os treinamentos físicos, e os estudos.

Eu precisava ser invencível, para “combater os Comunistas”.

Mas nunca encontrei um único Comunista para combater.

Vi este apelido em gente, que pretendia tomar o poder, para fazer um País melhor “apenas para eles”.

Vi este apelido em ignorantes, iludidos, ingênuos usados, doutrinados, politiqueiros, mal intencionados e terroristas perigosos.

Meus saudáveis neurônios, embora massacrados, pela incessante lavagem cerebral, se recusavam a classificar aquela gente como Comunistas.

E eu estava certo, porque no final todos ficaram bem de vida, a custa dos que trabalham.

E eu estou até hoje, procurando algum verdadeiro Comunista.

Na época surgiram alguns vitimados pelo idealismo, como o Lamarca, de origem modesta assim como eu. Um Militar dedicado a prática de tiro, assim como eu. Alguém que lia Tolstói, assim como eu, que além de Tolstói lia também outros, menos simpáticos.

Lamarca teve a decência de abandonar o Exército, ao contrário dum “gigolô da Pátria”, que se travestiu de Soldado, para ascender na política.

Surgiam políticos de todos os cantos, mobilizando o povo, para exigir Eleição Direta para Presidente. Era o meio para aqueles “bem intencionados”, disputarem o poder.

Então o povo, onde a maioria é de ignorantes, e desonestos, passou a votar.

Pelo voto obrigatório, a aludida maioria já podia eleger os SEUS VERDADEIROS REPRESENTANTES.

Enquanto Militar eu procurava saber tudo, sobre o material bélico, inclusive daquele, que não fazia parte da minha Qualificação.

Numa das Unidades Militares onde eu servi, haviam blindados importados dos Estados Unidos, que os utilizara na Guerra do Vietnam.

As reformas realizadas, não encobriram as marcas, deixadas pela incidência dos projéteis, na estrutura de aço dos tanques.

Eram meias luas, de várias profundidades, revelando os calibres das armas, de onde vieram aqueles disparos, notoriamente 7,62 e 50 mm.

Pelo ângulo de incidência dos projéteis, eu podia deduzir que foram disparados, numa elevação de pouco mais de um metro do solo.

Sem dúvida alguma por pessoas em pânico, acuadas em áreas desprotegidas.

Quando alguém chega a disparar contra um blindado, com arma inadequada, demonstra estar em extremo desespero, desconhecer o aparato Militar, e ainda ser despreparado para enfrentá-lo.

Aquilo não me surpreendia, em humildes camponeses, que foram obrigados a pegar em armas, para se defenderem dos invasores, sem a instrução apropriada.

Uma vez admoestei um oficial, quando ele instruía os soldados, a atirarem no visor do blindado, objetivando atingir o condutor. Expliquei que seria perda de tempo, e desperdício de munição, porque aquele visor era um dispositivo prismático.

Quando eu estava sozinho no local, me postava na frente de um daqueles tanques, me imaginando no lugar daqueles Vietcongues.

Muitas vezes crianças e mulheres, disparando inutilmente, na esperança de conter aquele monstro metálico, que rugia, enquanto avançava impiedosamente contra elas.

SEM DÚVIDA ALGUMA, TODAS FORAM ESMAGADAS.

Eu já havia ficado numa trincheira, enquanto o tanque passava por cima, mas bastaria frear uma das esteiras, e girar sobre a cova, para sepultar o soldado ainda vivo.

Por mais que eu tentasse, não deixava de ver naquelas esteiras, o sangue, a carne triturada, e os últimos instantes daqueles infelizes.

As notícias eram “filtradas”.

Até nós chegavam apenas novas informações, sobre técnicas de Anti Guerrilha na selva, e as “boas intenções” dos Estadunidenses, implantadas pela propaganda, e dramatizadas por Hollywood.

No Vietnã os Estadunidenses se deslocavam em helicópteros, com extraordinário potencial para matar, com água e boa ração.

Enquanto um Vietcongue se deslocava, com um pedaço de comida seca, alguns goles de água, um fuzil quase inoperante, e meia dúzia de munição.

Mesmo assim o pequeno Davi venceu o gigante.

Enquanto isso, eu aprendia a comer gafanhotos, dormir na mata, conviver com serpentes e insetos, agradecer quando tinha uma cama, e A TEMER CADA VEZ MAIS OS HUMANOS.

Nunca mais eu tomei água gelada, para não me habituar ao conforto.

O Comunista da Galileia, dentre outros ensinamentos, me disse que é preciso estar preparado, vigiar e orar, porque nunca se sabe, quando será necessário enfrentar o inimigo.

Eu dominava as terríveis armadilhas, da Guerrilha na Selva, utilizadas pelos “malvados” Comunistas.

Mas não me diziam que aqueles "denominados" como “Comunistas”, estavam apenas se defendendo, dos assassinos que invadiam a terra deles.

Aqueles pequenos, e desafortunados "Comunistas" venceram os arrogantes invasores.

Mesmo sendo o vitorioso, O COMUNISMO DELES NÃO SE EXPANDIU, como preconizavam aqueles “protetores do mundo”.

Então aos poucos, as noticias foram chegando da Indochina, desnudas e aterradoras, mostrando o que os “Anti Comunistas”, defensores e guardiões da paz, realmente faziam no Vietnã:

Bombardeavam incessantemente as plantações, e os casebres dos camponeses.

Violentavam as mulheres, depois as trancavam com as crianças, e incendiavam as casas.

Torturavam os simplórios cidadãos, com sadismo e perversidade, dentro da sua Pátria, e dentro das suas próprias casas.

Queimavam aldeias inteiras, com os horrendos bombardeios de Napalm.

Nenhum Vietnamita "Comunista" foi até os Estados Unidos, para praticar semelhante crueldade.

Mas os Estadunidenses saiam do outro lado do mundo, para transformar o País dos outros, naquele evidente inferno.

MAS OS COMUNISTAS QUE ERAM DEMÔNIOS...

MAS ERA O COMUNISMO QUE SE EXPANDIA...

Quem realmente se expandia?

Para justificar a ganância e atrocidades, elegeram inocentes como inimigos, injuriaram, inventaram delitos, e imputaram-lhes aquele injusto, e hediondo castigo.

Sob a bandeira da falsa Democracia capitalista, deixaram milhares de mortes, lançaram irmão contra irmão, promoveram a desgraça, saciaram-se e voltaram para casa.

No Brasil outros da mesma escória, ainda insistem em usar a palavra Comunismo, para assustar ignorantes, incentivar extremistas, e polarizar as massas, para alcançarem os seus mesquinhos propósitos.

Se um time de futebol não tiver adversário, não haverá jogo, nem arrecadação. Quanto maior a rivalidade entre os futebolentos, melhor será a vida, dos que exploram a futebolagem.

Os infames, que ambicionam o poder, sabem utilizar esta deficiência mental, de alguns humanos, para fanatizá-los.

Assim como os exploradores de crentes, sabem usar o Diabo para assustá-los, e Deus para extorqui-los.

Estes são os verdadeiros demônios, que sempre existiram, e sempre existirão, enquanto tiverem seguidores.

Eles existirão enquanto existirem imbecis, devotados a ídolos e mitos, promovendo apenas o revezamento deles no poder.

Nada vai mudar, enquanto os cultos, os sábios e os justos não forem maioria, para peneirar, e unificar as aleijadas ideologias das “metades”, esquerda e direita.

Acioly Netto - www.guiadiscover.com

Acioly Netto
Enviado por Acioly Netto em 10/10/2020
Reeditado em 26/10/2020
Código do texto: T7083997
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