Preconceitos e a sociedade doente

Legado da Escravidão no Brasil

Pronunciamentos equivocados de um Vice-Presidente da República.

Caso ocorrido no Supermercado Carrefour de Porto Alegre.

Observo:

A ideia de uma data da Consciência Negra nasceu em Porto Alegre, em 1970. Hoje, 20/11/2020, 50 anos depois, a jornada nos conduziu novamente à Porto Alegre, a um estacionamento de supermercado. Sinal de quanto é tortuoso este caminho que nos levará talvez um dia, ao resgate desse peso herdado dos nossos governantes do passado, e que os de hoje ainda não entenderam o quão terrível é isso em nossa sociedade.

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O resgate dessa dívida social está longe de ocorrer! Na entrevista concedida pelo General Hamilton Mourão, Vice-Presidente da República, relacionada ao episódio de Porto Alegre, percebemos nitidamente como no íntimo é negada a discriminação racial no Brasil 🇧🇷, comparando-as com outras nações (EUA) como se o “grau” ou “forma” de manifestação na sociedade amainasse o sofrimento daqueles que a sentem nos mínimos detalhes no seu cotidiano, no entanto ela é velada e, vez por outra, eclode nesses atos insanos que assistimos. Não podemos nos omitir e deixar de contribuir para que essa mácula de nossa história fique realmente no passado! Mas ela está instalada no âmago dos que sofrem o preconceito racial. Esse legado de ~ 400 anos de Escravidão no Brasil tem que ser discutido incansavelmente, extenuadamente, exaustivamente, até que todos consigam entendê-la e trabalhar por melhores dias da nossa população em geral. Não é possível dissociar esses fatos da nossa realidade como nação e que ela tem prejudicado imensamente nosso desenvolvimento econômico e social. Não podemos nos alienar do sofrimento de todos, em especial dos nossos irmãos de raça negra, cujo DNA está na maioria dos cidadãos brasileiros.

Como nos ensina Laurentino Gomes, relembrando a frase do Padre Antônio Vieira, missionário jesuíta na Bahia - 1691:

“O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África”.

E, ao General Hamilton Mourão, cito o texto do Laurentino Gomes, bem direto à sua comum hipocrisia de que aqui a Escravidão e o preconceito não existe:

"Incapaz de resolver esses obstáculos na sua jornada rumo ao futuro, restou ao Brasil a construção de inúmeros mitos relacionados a sua história escravista. Durante muito tempo, sustentou-se a tese de que a escravidão brasileira teria sido mais branda, patriarcal e benévola quando comparada, por exemplo, ao regime de segregação explícita dos Estados Unidos. O resultado, ainda segundo essa visão, seria um país com menos preconceito e barreiras étnicas e culturais – a tão celebrada democracia racial brasileira. Muitos estudos têm contribuído para mudar de forma drástica essa interpretação. Como se verá ao longo desses três livros, os escravos brasileiros foram sempre explorados e tratados com violência como em qualquer outro território. “Não há escravidão suave ou cruel, ela dispensa adjetivos”, observou a historiadora Hebe Maria Matos de Castro, da Universidade Federal de Juiz de Fora. O preconceito, por sua vez, é parte do dia a dia dos brasileiros, como se pode observar nos estádios de futebol, onde os jogadores negros são alvos frequentes de agressões verbais."

Lamentável senhor Vice-Presidente do Brasil. Triste seu negativismo e exemplo típico de velado preconceito!

A melhoria de nós como cidadãos, passa pela nossa conscientização e ajuda para que a inclusão social aconteça aqui um dia, através do entendimento, aceitação e efetiva contribuição para sanearmos nossa sociedade.

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 21/11/2020
Código do texto: T7116919
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