O CASO CARREFOUR

Quando foi lançado a campanha de Boicotar a marca Natura, todos foram contra quem a fez. Eu fui uma delas.

Não defendi a marca por causa de si mesma e muito menos por causa por quem foi lançado a campanha. Minha preocupação ia além de qualquer ideologia. Fui contra por causa dos trabalhadores. Porque eu sou um trabalhador de chão de fábrica. Sei o que significa conseguir entrar em uma empresa como essa e ter sua vida financeira mudada.

Agora nos deparamos com um gravíssimo ataque físico dentro do Carrefour. E vem a tona violência com violência.

Como a população quer JUSTIÇA, se não deixaram que ela fosse feita? Foram as ruas e isso é fantástico. Pediram responsabilidade da empresa, ok. Concordo e sabia que ela ia mudar sua postura diante do fato. Agora a população invadir, quebrar e pedir BOICOTE também é um ato de violência a quem não merece.

Uma marca é feita não apenas de quem compra e de seu dono. Ela é composta de um povo simples lá no chão. Onde planta, colhe, embala e a fábrica onde os homens e mulheres viram dias e noites sobre o produtos para que chegue a nossa casa com qualidade.

Esses funcionários que são milhares não podem perder seu emprego. Eles são solidários a família. Querem uma nova postura da empresa e vão cobrar nisso todo dia de seus chefes diretos que vão subindo com a informação até chegar onde realmente há mudança.

O boicote Não tem diferença da violência causada pelo segurança e por quem aparentemente filmou sem sentir nada pelo que via. Porque também haverá morte. Morte de pessoas que ali encontrou razão de vida. Que ali alimentam seus filhos e muitas mães que sustentam a casa sem os pais.

A morte de uma marca não é o fracasso apenas do empresário é a morte de muitos sonhos e desequilíbrio de muitas famílias.

A violência no nosso país se tornou algo da nossa linguagem. Como se fosse normal eu dizer mate, acabe, destrua.

Me machucou profundamente ver o espancamento. Me doeu como funcionário de uma empresa ver a cena. Me arrebentou como mãe ver o filho de alguém ali. Mas me ensinou que ser o algoz do outro não vai gerar justiça.

Quando eu faço o mesmo que foi feito, não importa como for não haverá justiça. Porque pelas próprias mãos não se faz justiça e sim baderna e confusão.

Estamos sendo a cada dia sacudidos por algo em nossa cultura. Deus tem nos levado a pensar em muitas coisas que nos foi deixada de lado.

O homem que morreu no mercado não importa se branco, negro amarelo ou pardo ou até índio. Foi um SER HUMANO. Isso não pode repetir. Que Deus em Cristo nos ensine que a vida do outro tem o mesmo valor que a minha.

A família meu abraço, aos que foram pacificamente as ruas parabéns.