Direito de ser irresponsável

Instalou-se uma crise institucional no país. E o chefe do Poder Executivo já avisou a seus ministros em um passado próximo, que ele "não está de brincadeira", ou eles fazem a “sua soberana vontade” ou todos podem ser trocados.

Já trocou dois médicos que estavam na pasta da Saúde por um militar de 3 estrelas.

Na Educação fez várias trocas. O primeiro que conduziu o ministério sugeriu que os alunos filmassem os professores que falassem mal do presidente. O segundo era um que precisava urgente de aulas de ortografia, o outro, que só permaneceu por 5 dias no ministério, tinha vários títulos, mas todos eles de “mentirinha”. O atual é aquele que insulta professores. Segundo ele “Hoje, ser um professor é ter quase que uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa”. Mas, deixemos isso pra lá...

Ninguém quer um governo que brinque. A responsabilidade de governar um país é muito grande, ainda mais durante uma pandemia, que já matou 195.411 mil brasileiros.

O chefe do país sempre foi um mau condutor na questão da Covid 19. Foi contra o isolamento social como forma de evitar a propagação do vírus, tentou o quanto pôde acabar com os decretos locais que restringiam o funcionamento do comércio. Assistiu de camarote número de mortes aumentarem a cada dia e mesmo com os números dizendo o contrário ele afirmou que a pandemia chegava ao “finalzinho”.

Já culpou governadores e prefeitos, o Supremo Tribunal Federal, jornalistas, TVs e esquerdistas. Quando chamado à realidade sobre o número de mortes disse simplesmente: “e daí?

Infelizmente, apesar de tantas demonstrações de irresponsabilidade ele ainda continua sendo o “responsável por conter o avanço do vírus”.

Muito se tem falado sobre os conflitos entre Bolsonaro e o STF, mas poucos percebem que o verdadeiro conflito é entre o Presidente e a Constituição Federal. Há um abismo enorme entre como ele quer governar o país (com autoritarismo) e como a Constituição lhe permite governar (de forma democrática).

Com tudo que presenciamos nesses dois últimos anos, fica evidente que mesmo que o “ocupante mor” do Palácio do Planalto tenha muito tempo de Congresso Nacional, ele não sabe conviver democraticamente em uma República com 3 poderes distintos, com um sistema de freios e contrapesos, e, com direitos e garantias assegurados aos moradores da nação.

Nalia Lacerda Viana, 03 de janeiro de 2021