Então, ficamos assim...

Enquanto o Brasil chorava pela perda de mais de 200 mil vidas, o presidente declarou em uma live: "A gente lamenta hoje, que estamos batendo 200 mil mortes. [...] A gente lamenta profundamente. Eu estou preocupado com a minha mãe, que tem 93 anos. [...] Não adianta continuar, como alguns querem, aquela velha história de ’fique em casa que a economia a gente vê depois’. Isso não vai dar certo. Pode nos levar a condições mais dramáticas que as consequências do vírus. A gente lamenta, mas a vida continua".

Consequências piores do que o avanço do vírus, que deixa como rastro mais de 200 mil mortes!? Quais seriam elas? O que é mais triste do que a morte?

Para o pai do senador das rachadinhas, que tem a sua disposição e de sua “maravilhosa e honesta” família os melhores hospitais, atendimento médico de qualidade e respiradores a vontade, "vida" precisa continuar, pois, para ele, a vida do povo pouco importa. O dinheiro e a cobiça estão acima de tudo e de todos. Os interesses de empresários, banqueiros e grandes comerciantes têm muito mais valor do que vidas, principalmente da classe menos favorecida, na qual encontram-se o número maior de óbitos.

Mas, para os trabalhadores que dependem da saúde pública, com hospitais cada dia mais cheios e mais precários, cuidar-se faz toda a diferença. Enquanto políticos se preocupam em promover sua autoimagem (visando as próximas eleições), em negar o obvio, e reclamar de tudo e encher os bolsos, a quantidade de mortes só aumentam.

O marido da primeira dama do Brasil diz que valoriza “a família”... quais? Só se for a dele e de seus comparsas porque a família da grande população brasileira o “capitão” nem se lembra. Ou melhor, se lembra sim, principalmente na hora buscarem votos.

Então ficamos assim, olhando à espreita até tudo isso passar. Abismados com a irresponsabilidade e a falta de sensibilidade do homem que se diz “presidente do país”.

Nália Lacerda Viana, 15 de janeiro de 2021