O melhor é aprender com a humildade

Temos muitos motivos para comemorar a chegada da vacina contra a Covid 19. Parabenizar a Ciência, agradecer a Deus, as pessoas que se esforçaram para tornar realidade um sonho de quase 1 ano. Ainda mais hoje que ela chegou a todos os estados brasileiros. E como foram ágeis, todos começaram a vacinação no mesmo dia em que ela chegou às cidades.

Mas o que ainda me incomoda é que nos alegramos muito com a possibilidade de combater a doença e nos esquecemos de que o vírus ainda está solto por aí, e que nas últimas 24 horas, foram registradas mais 1.183 mortes, chegando ao total de 211.511 óbitos desde o começo da pandemia.

E não faltaram propagandas para a vacina, cada estado, cada cidade querendo se exibir mais diante das câmeras.

Negaram a potencialidade do vírus, chamaram de gripezinha, festejaram colocando muitas vidas em risco, ignoraram os idosos, não respeitaram pais, mães, avós, vizinhos, asilos, comunidades, penitenciárias... espalharam o vírus desmedidamente em praias, hotéis, bares, churrascos, piscinas, praças e até igrejas... jogaram o vírus no ventilador.

Agora a corrida não é mais pela vacina, mas para o exibicionismo. E pessoas continuam morrendo...

Por que não aprendemos a lição de humildade e solidariedade com os nossos irmãos do Timor Leste? Falamos a mesma Língua, moram em um país bem mais pobre do que o nosso. Mas, a forma de abordagem e envolvimento de todos no governo de lá, em parcerias com grupos religiosos e a sociedade civil rendeu a eles elogios da OMS. Sabiam?

Eles têm no país 1,2 milhão de habitantes e até hoje, 52 casos de Covid confirmados e nenhuma morte. Não é mesmo de causar inveja?

Sei que lá é muito longe de ser um país sem sofrimento e sem fome, mas a forma como fizeram para barrar o vírus é de se aplaudir.

Emancipado em 1999 e em busca de uma identidade, certamente lá há ainda, muito trabalho a ser feito até fim da pandemia, mas quando a vacina chegar até lá não terão tanto o que comemorar, e menos ainda, que produzirem espetáculos a partir de sua aplicação.

Nália Lacerda Viana, 19 de janeiro de 2021