A César o que é de César

Ainda negando a pandemia, o mesmo governo que riu quando o aumento de mortes crescia vertiginosamente pela COVID-19 no Brasil, hoje diante da pressão internacional corre ridiculamente à Índia para buscar as doses que não chegam, e depois dos discursos ridículos contra a vacina chinesa, ajoelha-se diante da China para que enviem os insumos necessários para a fabricação do imunizante no país.

A irresponsabilidade do capitão e do general fizeram com que, depois de um mês do início da imunização em quase todo o mundo, haja vacinas disponível apenas para o número ínfimo de pessoas no Brasil.

Ainda assim, o presidente acabou colocando um tapete vermelho para que nele o governador de São Paulo pudesse ostentar toda a sua demagogia e aparecer, com a ajuda da imprensa, como o “garantidor das vacinas do Brasil”. E para alcançar maior prestígio nacional explicou como São Paulo estaria fornecendo os imunizantes que o Chefe de Estado não pôde conseguir.

Mas, o povo não deve se esquecer de que, na verdade, quem garantiu a vacina foram os cientistas, pesquisadores e trabalhadores da saúde, ainda que a quantidade seja insuficiente, o esforço e o mérito é todo deles.

Retiradas as máscaras e longe dos holofotes o fato é que o tal espalhafatoso governador, assim como o senhor presidente, também não garantiu quaisquer condições para preservar as vidas dos trabalhadores ou da população, que continua morrendo não apenas nos hospitais, mas em casa e nos próprios locais de trabalho.

Quem poderia esquecer que “o pai da vacina brasileira” aprovou, junto com o presidente da câmara de deputados (que por sinal, se despede hoje do cargo mor) e os ministros do Supremo Tribunal Federal, as medidas de suspensão de contratos de trabalho e redução salarial, aprovando a PEC do teto de gastos, a precarização do sistema público de saúde, a reforma da previdência e cortes nos direitos trabalhistas, convertendo a vida de muitos num verdadeiro inferno?

Nalia Lacerda Viana, 02 de fevereiro de 2021