Homem moral

O comportamento ético sempre mereceu destaque ao longo da história. No âmbito do trabalho, da vida familiar, entre amigos, nos aspectos que balizam nossa vida social e com a natureza. O estudo deste campo filosófico tem muito a nos definir e, mais ainda, a entender o momento de crise econômica, de saúde e na relação com a natureza. Esta relação é necessariamente advinda de atitudes humanas, principalmente daqueles indivíduos que exercem cargos de gestão, seja governamental ou particular. Neste sentido, o ponto de inflexão são as consequências das ações tomadas por lideres, principalmente. Qual a visão contempla sobre essas ações, nos desdobramentos entre valores morais pessoais, valores organizacionais e demandas da carreira?

Antes responder a tais questionamentos é oportuno conceituar o que é Ética e Política, haja vista a estreita relação entre ações morais, política e poder. Aristóteles afirma que a ética (do grego ethos, "costume", "hábito" ou "caráter") está diretamente relacionada com a ideia de virtude (areté) e da felicidade (eudaimonia). Neste pensamento, a boa vida, a relação harmônica entre os indivíduos depende de boas ações, dos preceitos sociais aceitos, dos valores e virtudes. A Política está sempre ligada ao poder, com relacionamento de poder e desejo. É pano de fundo que projeta a relação humana e roteiro do filme. Portanto, política é algo bem profundo daquilo que o senso comum entende. A política para Aristóteles é associada à moral, pois sua finalidade é o Estado de virtudes. Será?

Voltando à temática das ações morais, o homem, ao nascer, segundo Jonh Locke (Filosofo inglês, sec. VXII) era como uma tabua rasa, ou seja, o ser humano seria uma folha em branco. Quando o assunto é moral, esse processo não é diferente! Segundo Vargas (2005), o desenvolvimento vai se constituindo num processo. Isto seria dividido em cincos níveis: Ausência de moral própria; Oportunismo; Conformidade com o grupo; e Conformidade com o grupo e com os indivíduos. De acordo com Antunes (2019), o Nível 1 o indivíduo se limita a seguir fielmente ordens, portanto, não tem opinião própria e deposita sua confiança em lideres ou autoridade religiosa, política ou social. Neste nível, há sempre alguém para definir ao indivíduo o que é bom ou ruim. Existe também um forte maniqueísmo entre o bem e o mal e, por isso, não tem posição intermediária. São extremos: ou é bom ou não é.

No nível 2, (Oportunismo) a autoridade perde espaço e entra em cena os interesses pessoais do individuo. Assim, seguir fielmente às regras de um líder significa, em algum momento, deixar de satisfazer necessidades e desejos próprios. No 3, a bússola de nivelamento é o da coletividade, sendo importante pensar na coletividade, no grupo. Já no quarto nível, (Conformidade) os indivíduos são capazes de entender que a moral e uma escolha que cabe um indivíduo ou a um grupo. Aqui, não existe um líder acima do bem ou mal, com autoridade para determinar com as pessoas devem proceder. Ao fim, no grupo 5, (Autonomia e universalidade) é necessário entender que os valores e as crenças são constituídas de modo subjetivo, dependendo da história de vida de cada um. Existe um relativismo dos valores. A obediência dos valores morais, portanto, deve ceder a princípios universais.

Vimos até aqui que nossas ações sempre estão analisadas dentro dos princípios que trouxemos. Seja qual for sua decisão, seus valores morais serão considerados e avaliados em nível de aprimoramento e evolução. São incursões em nós mesmos, as quais perpassam a toda vida em sociedade, seja trabalho, entre amigos. Precisamos sempre nos avaliar enquanto sujeitos morais, pois nossas ações sempre transformam a nos mesmos, as pessoas e a própria natureza.

Por Manoel Serafim

Academia de Ciências, Letras e Artes Capistrano de Abreu

Referência: Dra. Maria Thereza Pompa Antunes (2019), Pearson

ManoelSerafimSilva
Enviado por ManoelSerafimSilva em 15/02/2021
Reeditado em 15/02/2021
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